Ana Benavente, ex-secretária de Estado da Educação do PS, acusa sindicatos de cederem a chantagem sobre a avaliação dos professores. Compreendo: todos aqueles que, no passado, tiveram responsabilidades na Educação (incluindo alguns que estão no actual governo) e "deixaram andar" sem mexer em coisas essenciais, como a avaliação, são capazes de estar incomodados com a coragem da actual Ministra. Alguns engolem, outros preferem evitar que se faça agora o que não souberam, ou não tiveram por bem, fazer no seu tempo.
Entretanto, Fenprof admite não assinar o entendimento com o governo, se não for essa a vontade da maioria. Quer dizer: parece que os problemas da "democracia representativa" não tocam só o poder político propriamente dito. Também tocam os "representantes dos trabalhadores" que se guiam por uma agenda político-partidária, e por umas contas de merceeiro acerca de ganhos e perdas, em vez de pensarem no futuro dos seus representados.
O Marcelo Caetano, lembram-se?, também pensava que, desse no que desse, o regime havia de aguentar. Mas não aguentou. Alguns, hoje em dia, parecem pensar que este regime também há-de aguentar todas as malfeitorias. Mas isso não é certo. Todos os regimes políticos podem morrer. Principalmente se os seus agentes forem deste calibre de responsabilidade.