(Foto de Porfírio Silva. Clicável.)
Será mais fácil uma pessoa preparar-se para enfrentar a sua própria miséria ou preparar-se para fazer face à miséria dos outros? À miséria moral, dizemos. É mais fácil lidar com os nossos "crimes", sobreviver-lhes, ou lidar com os crimes dos outros? Será mais difícil perdoar os outros ou perdoar-nos a nós? Como se sente o padre no confessionário? Pecador? Como se sente o juiz no tribunal? Como se carregam os pecados do mundo, quando já ninguém acredita que haja pecados, quando tantos pensam que culpados são os que se deixam apanhar?
Há máquinas nos céus de Lisboa. Presas ao chão. Porque nem todas as máquinas voam. E que voassem: nem todas as palavras têm força para curar, para devolver a alma.
Há paisagens em Lisboa. Presas ao chão. Presas aos crimes da humanidade. Lado a lado com "o progresso".