15.5.09

ainda o financiamento dos partidos


Há uns dias foram aprovadas por unanimidade na Assembleia da República umas alterações à lei do financiamento dos partidos. A primeira reacção foi um coro de damas escandalizadas porque supostamente os partidos estariam de novo a fazer mão baixa à massa de todos nós. Desde os habituais comentários nos sítios dos jornais na internet, pejados de tolices, até vários políticos na reserva que estão à espera da sua oportunidade para cavalgarem a desgraça alheia (alheia, quer dizer: dos seus "companheiros" ou "camaradas"). A essa onda vários esforçados apoiantes da lei têm reagido vindo explicar que muito do que se diz por aí é pura mentira, não correspondendo a nada do que lá está escrito. Já aqui chamámos a atenção para um escrito de Rogério Moreira nessa linha.
Bernardino Soares, líder parlamentar do PCP, escreve hoje no Público um artigo que se insere nesse esforço. Lembra, por exemplo, quanto à questão das receitas em numerário, que «além de terem de ser depositadas em conta própria, sujeita à fiscalização da entidade competente, estas contribuições não podem exceder (...) cerca de 104 euros, o que não se compadece com as insistentes referências às "malas de dinheiro".» Portanto, se ouviu o seu comentador de serviço com essa conversa, já sabe: esse comentador anda a comer-lhe as papas na cabeça, não fazendo o trabalho de casa.
Outro aspecto interessante desta novela é que, tendo as alterações sido votadas por unanimidade, cedo alguns partidos enfrentaram a polémica tentando sair da chuva de forma pouco elegante, dando a entender que afinal as coisas más não tinham nada da sua lavra. Também Bernardino Soares entra nesse jogo, dizendo, a páginas tantas, que o aumento da subvenção aos partidos para as segundas voltas das eleições presidenciais foi decidido com a oposição do PCP. Claro, claro, claro: o PCP está contra esses gastadores! Malandros! Ou será, antes, que o PCP não espera nunca mais colocar um candidato seu na segunda volta de umas eleições presidenciais?! Acha, em consequência, que pode aproveitar esse elemento para limpar as mãos de um pacote de alterações que, numa medida importante, era também para dar satisfação ao PCP.
Dizia a minha Avó que "quem não tem vergonha todo o mundo é seu".