Na edição de sexta-feira passada do Expresso da Meia-Noite, na SIC Notícias, havia duas grandes teses em cima da mesa quanto à "ajuda externa". Uma tese dizia: os exemplos conhecidos mostram que, quando acabar a "intervenção", a economia do país não estará melhor, antes pelo contrário, e não teremos resolvido problema nenhum - excepto garantir aos credores que eles não perderão um tostão dos seus investimentos. A outra tese dizia: sem ajuda externa, que nos garantirá dinheiro a um juro menos escandaloso do que aquele que estamos a aceitar "indo ao mercado", nunca mais vamos conseguir pagar a dívida, dado que não crescemos o suficiente para arrumar a casa ao preço que nos cobram presentemente para nos financiarmos.
Essas duas teses, em conjunto, traçam a equação fundamental. Estarão os caros passeantes por este blogue a imaginar que, se conseguíssemos uma resposta que fosse razoável simultaneamente para as suas perspectivas, teríamos uma solução para o problema. Isto é: se estamos fritos sem ajuda externa, e fritos estamos com a ajuda externa nos moldes conhecidos, o que fazemos? Esperava-se (pelo menos eu esperava) que os moderadores garantissem que os defensores de cada uma das teses respondessem à objecção da tese contrária. Mas não. Cada um ignorou olimpicamente o ponto do outro. Não podemos continuar como estamos, sob risco de irmos à falência. E se vier o FMI ou algo por ele (com o mesmo tipo de regras), vamos sobreviver apenas para podermos dar todo o sangue que resta aos credores - e depois da experiência estaremos exangues.
Para avaliar como anda por baixo o debate entre nós basta ver que dois moderadores tão experimentados (Ricardo Costa e Nicolau Santos) deixaram que os debatentes fossem à sua vida sem terem explicado que resposta tinham para as dificuldades sublinhadas pelos outros circunstantes. Cada um contou a sua parte da história - e adiante. E depois berramos que nem uns danados que precisamos de debate a sério. Pois.