Tommy Douglas, 1904-1986, canadiano de origem escocesa, social-democrata/socialista, introduziu o modelo de saúde pública universal no Canadá. Um exemplo da sua oratória, ao serviço do seu idealismo, é o discurso em que apresenta a fábula "Mouseland" ("Ratolândia"). É esse discurso que aqui se apresenta.
É fácil pegar neste discurso e usá-lo para criticar os partidos do "centrão" em Portugal. O PS e o PSD. Será fácil à esquerda da esquerda, que tem feito tudo para fugir às responsabilidades da governação, usar este discurso para sacudir a água do capote. Se eu detesto essa atitude do PCP e do BE, por que coloco aqui esta peça? Por uma razão muito simples: julgo que qualquer cidadão, hoje, sendo democrata, independentemente da sua opinião político-partidária, deve preocupar-se com o rotativismo que deslegitima o sistema. Quando as pessoas tendem a pensar que "são sempre os mesmos", ou "acabam todos por fazer o mesmo", isso põe em perigo a própria democracia. O discurso dominante acerca do "arco da governação", que assume que há partidos que podem governar (PS, PSD e CDS) e partidos que não podem governar (PCP e BE), é uma perversão da democracia. Perversão que os próprios "excluídos" (PCP e BE) alimentam, colocando-se sempre de fora de qualquer tentativa séria de assumirem responsabilidades da governação. Mas não quero, agora aqui assim a correr, distribuir responsabilidades. Quero é chamar a atenção para um perigo, bem desenhado nesta fábula da Ratolândia.