Há dias para tudo e o calor que começa a apertar ameaça a clarividência. Pensei que, ao fim de "tantos" anos de democracia parlamentar, já este país saberia, mesmo em ambiente de campanha eleitoral, fazer as suas opções sem alinhar na insanidade dos que acham que vale tudo. Começo, mais uma vez, a duvidar. Para exemplo das coisas bizarras que podem acontecer, passo a citar (pasmem!) o semanário "Sol".
"A Alta Representante da União Europeia para os Negócios Estrangeiros, Catherine Ashton, anunciou hoje a designação da diplomata portuguesa Ana Paula Zacarias para chefiar a delegação da UE em Brasília. Portugal garante assim, através da nomeação da actual representante permanente adjunta de Portugal junto da União Europeia, um dos postos que mais ambicionava no quadro do novo Serviço Europeu de Acção Externa, juntando-se a chefia da embaixada em Brasília à da delegação da UE nos Estados Unidos, liderada por João Vale de Almeida." (Se não tinham ouvido falar disto, confirmem aqui.)
Pronto, já se sabe que a UE é uma selva complicada, que é importante que os países fora do "círculo dos grandes" coloquem algumas bandeirinhas no plano simbólico e não se deixem ficar fora de jogo no plano da representação. Colocar uma diplomata portuguesa a chefiar a delegação da União no Brasil é uma dessas bandeirinhas. Nada de novo, pois não?
Pois sim. Pois há qualquer coisa de novo debaixo do sol. Dirão que não é novo que haja uma rapaziada a fazer listas de "nomeações governamentais", procurando apresentar o funcionamento normal do Estado como uma "roubalheira pegada". Parece que pretendiam, por exemplo, que os concursos públicos fossem deitados para o lixo e os que trabalharam para eles vissem o seu esforço desbaratado só porque o governo estava para cair. (Sim, porque a rapaziada "social-democrata" que faz o trabalho sujo da "campanha limpa" parece nem ser capaz de distinguir a data de publicação em Diário da República das datas pertinentes para saber quando foram praticados os actos substantivos.) Nada disso, afinal, interessa nada: são as mentirolas do costume, repetidamente praticadas por certos sectores. Só que desta vez a tolice tocou muito mais baixo. Vejam bem que não há só gaivotas em terra.
Na tal "lista de nomeações" consta também o acto necessário para que a diplomata portuguesa Ana Paula Zacarias vá mesmo ocupar a chefia da delegação da UE em Brasília.
Com campanhas limpas destas, quem precisa de campanhas sujas?