Obama foi reeleito. Nem sequer foi à tangente: perdedor no voto popular, apesar de ganhador no colégio eleitoral, era o que alguns sonhavam como mínima consolação para o seu aborrecimento com o "esquerdista". Ontem ouvi na rádio umas portuguesas dos States a dizer que ele é comunista: não sou um fanático de Obama ("da outra vez" eu até preferia a senhora Clinton), mas teria detestado que estes radicais do reaccionarismo tivessem ficado com a boca doce.
Obama não mudou o mundo, nem sequer a América tanto como alguns queriam. O ponto está em que não têm autoridade para apontar isso como defeito aqueles que tudo fizeram para o travar no que ele queria fazer. Isso: republicanos e seus simpatizantes. E o ponto está também em que é difícil imaginar o que teria sido sem Obama, designadamente sem a sua acção contra o alastrar da crise... mas o raciocínio contra-factual é incerto e muito difícil de entender para certas cabeças.
O curioso está em que, contra os costumes, Obama promete melhor para o segundo mandato, que usa ser a parte com menos chama de uma prestação presidencial. E há uma explicação para isso: o homem era relativamente inexperiente como governante e isso pesou; ele conta agora estar mais preparado e, assim, conseguir fazer melhor na segunda parte do jogo. Como ele diz, "vocês fizeram de mim melhor presidente". Ponham os olhos nisto aqueles que apreciam políticos instantâneos, em vez de políticos com experiência de governar.