9.11.12

é pecado criticar Isabel Jonet?


O que acho, explicado com mais vagar, das teses de Isabel Jonet sobre o empobrecimento, já o escrevi anteriormente, antes das últimas declarações. Nada disso me leva a assinar petições contra a senhora, nem a chamar-lhe nomes, nem a fazer suposições que, a menos que sejam provadas, são puras tolices. (Apesar de alguns dos que se escandalizam contra esses métodos, quando aplicados a Jonet, não se importarem nada quando eles são aplicados a outros alvos.) Entretanto, está em marcha a operação "escudo invisível": não se pode criticar Isabel Jonet "porque ela tem obra feita". Exemplar dessa linha de raciocínio é este texto de Henrique Monteiro, Isabel Jonet, as palavras e os atos, no sítio do Expresso.

O núcleo do que julgo errado no artigo de Henrique Monteiro (e nos que seguem a mesma linha) está nesta frase: "A obra de Isabel Jonet fala por si."

O que as pessoas fazem (bem ou mal) é um elemento de juízo acerca delas, da realidade, do mundo. Claro, não é indiferente o que as pessoas fazem. Contudo, a opinião é outra coisa. Vejamos. Se Estaline desse aos pobres o que o Banco Alimentar dá, Estaline não passava a ser boa pessoa por causa disso, nem as suas ideias passavam a ser maravilhosas por causa disso. (Podem colocar Pinochet onde está Estaline, se preferirem.) Discordo de muitas formas que tem assumido a contestação às palavras de Jonet, mas discordo igualmente da tentativa de bloquear a crítica à ideologia de Jonet por causa da sua "obra". (Sim, "aquilo" é ideologia, nem sequer é "doutrina social da Igreja", como alguns querem fazer crer.)

Seria preciso sermos muito cínicos para aceitarmos que quem quer que seja está acima da crítica por causa de ter feito coisas úteis, boas ou necessárias.