8.11.12

descoberto mais um Cavaco esquecido que só as leis da física impedem de ter um papel qualquer nesta peça em desvario.


Um excerto da crónica de Ricardo Araújo Pereira, hoje, na Visão:
A jornalista Ana Sá Lopes topou esta semana, por acidente, com um livro de Cavaco Silva. E, por abnegado sentido profissional, leu-o. Beneficiamos todos do seu sacrifício, porque a jornalista citou um texto de 2001 em que o autor se insurge contra o então primeiro-ministro António Guterres, que pretendia cortar na despesa pública para fazer face à diminuição do crescimento económico. Escreve Cavaco Silva: “O que terão pensado os meus alunos da Universidade ao ouvirem o primeiro-ministro e o ministro das Finanças afirmarem perante as câmaras de televisão precisamente o contrário do que lhes ensinei e que leram nos livros de macroeconomia e de finanças públicas? Porque estamos em época de exames, entendi que era meu dever não ficar calado. O argumento é falso.” E acrescenta, para ilustração dos seus alunos: “Quando o crescimento económico de um país abranda, a política correcta é precisamente deixar que a receita fiscal baixe automaticamente e não cortar na despesa pública. (...) Se quando um país é atingido por uma crise económica se cortasse a despesa pública, a crise ainda se agravava mais. É por isso que não se deve fazê-lo”.
Em 2001, o professor Cavaco Silva tinha o dever de não ficar calado (…). Em 2012, tem estado bastante silencioso perante o mesmo problema. (…) Se todos os portugueses se matricularem num curso de economia, talvez o Presidente da República intervenha, para que o Governo não nos imponha uma solução que qualquer economista considera desastrosa. Se, em vez de cidadãos, formos alunos, talvez tenhamos direito a uma palavrinha.

Conclui RAP, na crónica intitulada "O fantasma do Cavaco passado", que, por causa das leis da física, "não me é possível votar, em 2012, no Cavaco de 2001. Mas talvez este nos desse jeito, agora." Safa.

Ler o texto de Ana Sá Lopes: No tempo em que Cavaco falava.