26.1.12

com base numa história verídica.




Ontem, para descontrair, fui ver Moneyball. Não acho que seja um grande filme, mas não me arrependo de ter ido.
Não obstante, acautelem-se: é de utilidade saber o mínimo sobre o funcionamento básico do jogo do basebol. Eu, que na adolescência vivi durante algum tempo numa comunidade onde se jogava basebol na rua, como aqui se joga futebol (ainda tenho taco, luva e bola, mas há muito tempo que não tenho oportunidade de dar umas tacadas), levava essa vantagem. Mesmo assim, há ali factores que só seriam mais adequadamente compreendidos sabendo mais do que eu sei sobre as tácticas do jogo.
Tirando isso, acho parcialmente errado que se diga que é um filme sobre o peso do dinheiro no desporto. Acho que está em causa algo muito mais interessante: até que ponto o conhecimento (neste caso, a estatística) pode dar a volta à compreensão "humanista" da forma como funcionam as pessoas e o mundo. O filme é, a meu ver, acerca de como a "intuição dos praticantes" e a "cultura do grupo" pode ser fintada pelo conhecimento aplicado, que tende a ver as pessoas e as organizações como máquinas, as quais podem ser estudadas sem grandes sentimentos e com muita análise. Infelizmente, acho que o filme não consegue transmitir esse aspecto com grande clareza. Daí que às vezes perca de todo o ritmo e se torne por bocados um tanto morno. Daí que se compreenda que a crítica diga que é um filme sobre o peso do dinheiro no desporto. Pois, também se podia dizer que o filme é sobre a história do basebol: mas não é, embora possa parecer.
A verdade é que é precisa muita ginástica para transmitir conceitos muito abstractos num filme popular. Poucos conseguem isso. Lembro um que conseguiu: Uma Mente Brilhante, que "explica" Teoria dos Jogos como se fosse um romance. Que não é.