Se Cavaco Silva é "o melhor garante da liberdade possível da comunidade política portuguesa", estamos bem tramados.
Mas não, não é ele o melhor garante, nem da liberdade, nem da soberania. O actual PR diz coisas, mas nunca age em conformidade. Abre a boca sempre fora de tempo, para poder encolher a mão quando chega a hora das decisões. Aliás, a hipocrisia é o traço mais permanente do percurso político de Cavaco Silva. Eu também não vou a Belém atirar moedas a Cavaco, porque não é a minha chávena de chá - e não vou dar moedas a pessoa tão gastadora, que não sabe controlar as suas despesas. Mas Cavaco é perigoso, porque pensa sempre primeiro na pele dele, e só depois no país. Felizmente, já pensa menos nos amigos, porque está zangado de ser o mais pobre de todos os que se acolitaram à sombra do cavaquismo e isso mói-lhe a cabeça. Mas está cada vez mais reduzido aos seus pequenos pensamentos (e isso explica que exponha a um país sofrido da crise as suas angústias orçamentais caseiras) e às suas tácticas de sobrevivência política (por isso dispara em todas as direcções, consoante a hora).
Não, Cavaco já não é garante de nada. Só a cidadania pode ser garante de alguma coisa. Embora concorde que não vale a pena urrar contra o homem, sem urrar contra os que repetidamente se deixaram enganar por ele, dentro e fora do seu próprio partido.