Oposição acusa Governo de favorecer JP Sá Couto no negócio do Magalhães.
E lê-se ainda no Público:
«O deputado do Bloco de Esquerda (BE) Pedro Filipe Soares acusou o Governo de ser “responsável pela criação de um clima de favorecimento à JP Sá Couto”, empresa a que foi responsável pelo fabrico dos computadores Magalhães, sem que tivesse havido um concurso público.»
«O deputado do PCP Bruno Dias afirmou que “o Governo preparou o caminho de sentido único para a adopção do computador Magalhães”. “É tempo de por um ponto final neste regabofe de negócios sem transparência”.»
Vamos supor que é verdade. Se for verdade, isso quer dizer que o governo estava realmente a fazer - finalmente! - aquilo que qualquer país com dois dedos de testa faz: encontrar caminhos, por entre os dedos da "globalização", para proteger as empresas nacionais, e respectivos trabalhadores a precisar de emprego, e para não entregar o dinheiro dos seus contribuintes, com todo o desvelo, a empresas estrangeiras. É o chamado proteccionismo encapotado, que tem de ser praticado enquanto for praticado, como realmente é, pelos outros países.
Quando, em negócios como o da Vivo-Telefónica-PT, alguns clamam que o governo devia, em vez de usar as acções douradas, ter encontrado outras maneiras de resolver o problema por antecipação, é desse tipo de coisas que estamos a falar: encontrar "esquemas" que respeitem o enquadramento legal anti-proteccionista mas não favoreçam a vida aos outros contra as nossas empresas e o nosso emprego. É por esse proteccionismo encapotado que a esquerda da esquerda está sempre a clamar, reclamando contra as maldades da globalização e clamando como somos mal tratados pelo selvagem capitalismo global.
É por isso que, neste caso, compreendemos a direita: se Passos Coelho vai a Espanha para apertar a mão aos compatriotas da Telefónica no meio de uma disputa por interesses estratégicos para Portugal, por que há-de o PSD preferir que os computadores sejam de uma empresa portuguesa em vez de serem de uma empresa espanhola? É coerente.
Já, no caso do PCP e do BE, estamos perante uma enorme desonestidade política. Agem contra os mais altos princípios de que se reclamam "na generalidade". Mas, "na especialidade", continuam a lutar com denodo para salvar a coligação negativa.
Alessandro Bavari, da série Sodoma e Gomorra