As autoridades britânicas estão a rever os mecanismos e procedimentos de supervisão do sector financeiro. A Autoridade para os Serviços Financeiros vai ser substituída por uma unidade dedicada à actividade prudencial localizada no banco central e por uma nova Autoridade para os mercados e para a protecção do consumidor. Espera-se que a reforma permita, no futuro, antecipar mais e melhor os problemas em gestação. Contudo, uma fonte do Banco de Inglaterra afirmou que esta reforma, nem nenhuma outra, evitará com certeza novas falências; tal como não indicará aos investidores o risco que realmente estarão a correr em cada uma das suas decisões. Adair Turner, chefe da autoridade de serviços financeiros, foi muito claro: não há forma de proteger os consumidores de tudo o que pode correr mal. As questões em cima da mesa são de outro tipo. Por exemplo, se queremos mais estabilidade financeira, temos de aceitar uma menor escolha para os consumidores de serviços financeiros - e assumir isso.
Alguém poderá, por favor, explicar a certas pessoas aqui em Portugal o que isto quer dizer? Refiro-me aos que acham que, quando há problemas no mercado, isso quer dizer que a supervisão teve necessariamente culpa. Sublinho: necessariamente. A supervisão pode ter culpas, mas para concluir isso é preciso indicar concretamente o que devia ter sido feito, à luz do que se sabia e das regras aplicáveis, e foi negligenciado. Noutro caso, o barulho contra a falta de omnisciência e de omnipotência da supervisão é pura demagogia. E falta de interesse em ir às questões que importam: por serem reais e poderem ser enfrentadas. Em vez de nos entretermos com os assomos de clarividência dos anjos de pacotilha.