13.4.10

um problema de seminaristas


“Número dois” do Vaticano relaciona pedofilia com a homossexualidade
. Acrescenta o Público: «“Muitos psicólogos e psiquiatras demonstraram que não há relação entre o celibato dos padres e a pedofilia, mas muitos outros demonstraram, e disseram-me recentemente, que há uma relação entre homossexualidade e pedofilia”, afirmou [o cardeal] Bertone.»

A Igreja Católica tem lidado com o problema da pedofilia dos padres de uma forma absolutamente desastrada. Infelizmente, a forma às vezes denuncia um problema de conteúdo. Tentar iludir as consequências nefastas de uma "justiça especial" que permite fugir à justiça da cidade, quando isso cria facilidades para os criminosos, é pura cegueira. E, inevitavelmente, dá argumentos aos partidários da "ciência como religião" que vêem nas igrejas a própria incarnação do mal ou, pelo menos, da estupidez humana. (Visão que, repito, não é a minha.)
Mas não é disso que quero agora falar. A citação acima aponta para outro aspecto da questão. O mencionado cardeal, numa tentativa de usar as mesmas armas dos seus adversários, ou talvez mesmo inimigos, tenta entrar numa batalha de "teorias científicas" acerca da pedofilia, da homossexualidade, do celibato. E parece que cita (não, menciona vagamente) estudos de psicólogos e psiquiatras. Um ensaio, portanto de resolver o assunto com pretenso rigor científico. Será que o homem não percebe que pretender usar as armas do adversário, especialmente em versão armas de brinquedo, pode querer dizer que já só lhe resta tentar escolher o tipo de derrota que lhe caberá? Será que o cardeal pensa que o "debate científico" depende lá da sua Cúria (ou de umas coisas que "lhe disseram")?
Afinal, que gaita de estudos fizeram estes cardeais para lidarem deste modo com a relação entre ciência e religião?