Escrever isto é contra todo o politicamente correcto. Politicamente correcto, hoje em dia, é cuspir para cima de Sócrates e de todos os que o apoiem, usando nisso todos os meios; propalar que os administradores de grandes empresas, se forem do PS, só lá chegaram por favor, sendo incompetentes por definição e vampiros pelo dinheiro que ganham; aplaudir todo e qualquer prima facie atropelo à legalidade, desde que seja usado para achincalhar o PM e/ou o PS e/ou algum ministro e/ou algum amigo de algum desses. Mesmo assim, não conhecendo Rui Pedro Soares de lado nenhum, nem directa nem indirectamente, aplaudo que ele persiga judicialmente aquela gente do semanário Sol, pelas razões que ele explica.
É dos livros, e da lógica do funcionamento dos colectivos, que dar os passos necessários para fazer com que as regras sejam respeitadas tem um custo para os indivíduos que se metem nisso. Tem um custo, porque pode correr mal, porque a litigação é incerta quanto ao resultado, porque o insucesso da demanda afecta os cofres próprios e a reputação. Se correr bem, ganhamos todos, ganha a sociedade, porque os prevaricadores não se ficaram a rir. Mas, segundo as predições dos mais pessimistas, ninguém se mete nisso, porque o ganho potencial é para todos (preservar as regras do viver em comum) e a ameaça de perdas é apenas para quem toma a iniciativa. Contudo, por razões várias, nem todos se deixam amedrontar por esse risco e avançam. Esses merecem aplauso.