Passos Coelho acaba de anunciar que, se ganhar as eleições, ele será primeiro-ministro mas Sócrates terá um gabinete em S. Bento para continuar a governar o país durante pelo menos 4 anos.
A explicação que foi avançada é tripla. Primeiro, segundo a leitura constitucional de Cavaco Silva, no último discurso antes do dia das mentiras, qualquer um tem legitimidade para fazer o que Passos quer fazer mas não consegue, sendo que o PR dá cobertura a tudo e até já nem quer ser informado nem nada. Segundo, de qualquer modo Passos não faz a mais pequena ideia do que seja "chamar o FMI" e, se tiver de falar com eles, teme ficar na posição negocial de querer despedir mais funcionários públicos do que o próprio FMI acha necessário. Terceiro, para tentar manter uma linha de rumo qualquer depois de chegar ao governo (no pressuposto de que vai conseguir escolher um dos seus programas eleitorais antes das eleições), Passos necessita continuar focado em Sócrates: esse é o seu farol e, sem essa obsessão, teme-se que entre em apatia política.