21.1.12

Cadernos da Rússia. Cadernos da Ucrânia.


Já sabem os visitantes desta casa que aprecio Banda Desenhada, embora não possa dedicar-lhe tanto tempo como gostaria. (Na verdade, cada vez demoro mais tempo a ler um bom álbum de BD - e não ponho os olhos em cima de maus exemplares. É que cada vez é maior a consciência da complexidade do olhar, tendo de deter-me para não avançar demasiado depressa, na voracidade pela história, que me faria perder enorme parte de tudo o que o teatro desenhado tem para ser visto.) É assim que volto, de quando em vez, com umas anotações de uso comum.

Desta vez, venho com Igort, cujo verdadeiro nome civil é Igor Tuveri, um desenhador italiano, educado na cultura russa e que agora vive em Paris. Mencionarei duas das suas obras onde ilumina a história profunda da União Soviética e da Rússia actual como duas realidades políticas onde muito é diferente para muito não ter mudado tanto assim (com as minhas desculpas pelo tom à la Il Gattopardo). Dois álbuns ligados, um já do ano passado, outro acabado de sair.

Em «Les Cahiers Ukrainiens. Mémoires du temps de l'URSS» (Futuropolis, saído em 2010, edição corrigida em 2011) , Igort conta a história da grande fome de 1932-1933, chamada Holodomor, que para alguns se tratou realmente de um genocídio. Para isso, Igort usa duas fontes bem diferentes. Por um lado, testemunhos pessoais. Por outro lado, os arquivos de época da polícia política. Obtém, deste modo, uma mistura de estilos que alguns dizem poder chamar-se "uma comédia" (à italiana).


Em «Les Cahiers Russes. La guerre oubliée du Caucase» (Futuropolis, 2012), Igort segue os passos da jornalista Anna Politkovskaïa e a questão tchetchena para nos mostrar como funciona a "democracia" russa.



Para fazerem uma primeira apreciação gráfica, ficam de seguida mais alguma pranchas destes álbuns.


«Les Cahiers Ukrainiens. Mémoires du temps de l'URSS»







«Les Cahiers Russes. La guerre oubliée du Caucase»