11.10.12

mordomias.


Eu até vendi o meu carro este ano, porque não gosto de andar de carro na cidade, porque posso usar o carro da minha mulher quando saio de Lisboa e o comboio não chega lá - e porque "alimentar" um carro custa muito dinheiro, pelo menos para o meu orçamento.
Mas fazer um escândalo porque um grupo parlamentar aluga quatro carros, sendo que esse aluguer é para substituir outros tantos carros que deixaram de estar disponíveis, sendo que se poupam 100.000 euros com esta nova solução, que os carros agora alugados têm menor cilindrada que os anteriores - fazer disto um escândalo é pura demagogia.
Só pode ser deputado quem possa ter o seu próprio carro para fazer as deslocações que sejam necessárias em funções? Se é isso, até podem tirar a remuneração aos deputados: irá para deputado quem for suficientemente rico para não precisar de nada. As "mordomias" dos deputados foram inventadas na Inglaterra, por reivindicação dos "de baixo", para não serem só os ricos a poderem dar-se ao luxo de ser eleitos para o parlamento.
Estou mesmo a ver alguns poupadinhos, refastelados no seu automóvel, a defender que os deputados, chamados a Belém, a uma embaixada, a um acto oficial ou partidário qualquer, deveriam ir de metro, a pé, ou de bicicleta, sei lá. Eu adoro andar a pé, de metro e de bicicleta - mas preferia que quem tem de me representar gaste o dia de forma mais produtiva e use o automóvel, se tem de ser usado para a fluidez do dia.
E abomino essa ideia de que as instituições devem ser depenadas de todos os seus meios de funcionamento. Quem chama a isto "mordomias" tem, afinal, a mesma teoria do empobrecimento que nos está a deixar no osso.