Ando à procura do texto da declaração final do Congresso Democrático das Alternativas. Mas não encontro. No site oficial prometem para breve. Na página do FB também não está nada. Mas, então, a prioridade não devia ser darem a conhecer ao mundo as propostas que de lá saíram? Alguém respondeu a esta minha pergunta com o link para o projecto de declaração, que parece que estava disponível antes do próprio Congresso, supondo-se que não terá havido grandes alterações. Para um Congresso tão plural e porque a pluralidade é uma coisa que dá muito trabalho - acho estranho. E faz-me lembrar iniciativas unitárias que conheci bem há muito muito tempo - mas isto deve ser do meu mau feitio.
Entretanto - e isto explica um pouco a minha curiosidade, além do interesse genuíno pela iniciativa - vi escrito ter o Congresso Democrático das Alternativas rejeitado duas propostas de Ana Gomes, eurodeputada do PS, a saber:
1) relativamente ao Memorando de Entendimento com "a troika", substituir "denunciar" por "renegociar";
2) que não deve ser defendida a "saída do euro" nem "saída da União Europeia" e que devem ser defendidas politicas alternativas na Europa às "politicas praticadas e ao tipo de acordo que está estabelecido no memorando". (Parece, segundo a mesma fonte, que esta proposta nem sequer foi votada.)
Se assim foi, acho que a "esquerda da esquerda" fica mal no retrato com a tentativa de culpar o PS por todas as dificuldades em construir uma alternativa de esquerda.
Não resisto a citar o que eu próprio aqui escrevi há dias:
«O PS queixa-se da excessiva facilidade com que PCP e BE o erigem em inimigo principal. Julgo que o PS tem nisso razão: a esquerda da esquerda usa demasiadas vezes uma retórica política que esconde "o outro lado da questão" para apresentar versões simplistas dos problemas e representar defeituosamente a posição do PS. Muito do debate actual sobre a crise, por exemplo, é deformado se não se perceber que o PS é muito mais cioso do compromisso nacional com a União Europeia (que julga vital para o país a longo prazo), muito mais empenhado nas nossas responsabilidades comunitárias, por contraste com as correntes anti-europeístas que continuam a ter importância (intelectual e social) na esquerda da esquerda. E, na verdade, soa estranho que a esquerda da esquerda tenha, às segundas, quartas e sextas, muitas ideias acerca do que a UE devia fazer diferente para resolver a crise, mas tenha, às terças, quintas e sábados, um discurso de ruptura com a UE, pintando com cores atraentes soluções (como a saída do Euro) cujas consequências políticas nos poderiam tornar ainda mais marginais no continente. A questão europeia é, aliás, um dos obstáculos centrais a um diálogo mais profícuo à esquerda.»