9.2.10

a rede



Uma expressão relevante nas peças do "processo" de atentado ao Estado de Direito por parte do Governo (ou "caso Sol nasce em Aveiro") é aquela coisa da “rede instalada em grandes empresas e no sistema bancário”. Traduzindo: trata-se da ignomínia que constitui a presença de gente do PS nesses meios. É crime, ou pelo menos suspeito, que dirigentes do PS sejam empresários, administradores de empresas ou altos quadros – porque o natural seria que todos esses lugares fossem ocupados por duques, condes ou marqueses, ou, pelo menos, por gente dos partidos decentes, necessariamente da direita, dos que se sacrificavam por esses encargos. Os dirigentes do PS, por definição, deviam, quando muito, ser dirigentes de cooperativas ou de associações recreativas. Tudo o mais coloca-os logo sob suspeita: andarem por aí a fazer negócios, onde se encontram em mesas de conselhos de administração? Só pode ser tramóia. Se dirigentes do PSD ou do CDS se encontrarem nas mesmas mesas, e fizerem igualmente negócios, estão a fazer o seu trabalho. Já dirigentes do PCP e do BE supõe-se, mesmo que se encontrem a essas mesmas mesas, estarem lá para boicotar o capitalismo, a mais ou menos longo prazo. O que, enfim, se compreende. Agora, tipos do PS, nessas mesas, é que não. Isso faz uma "rede". "Instalada", claro.