11.2.10

polaroid


Às vezes basta pouco para definir uma pessoa.
Escrevi esta manhã um post onde criticava (de passagem) uma forma de expressão ocorrida numa peça do jornalista PPM na edição de hoje do i. Também - aí já por causa do ponto que me interessava - fui participar numa troca de comentários neste post d' O Insurgente. Troca civilizada, em geral. Não obstante...
...o mesmo PPM foi lá para me dirigir a seguinte fala: «O Porfírio faz o quê na vida para eu poder dizer que é bom em qualquer coisa?».
Este simples, breve e espontâneo gesto de PPM é interessante. Porque:
(1) PPM não discute política, sequer língua portuguesa, sem se arrogar o direito de pedir o BI ao interlocutor. O BI ou o CV. Talvez também o certificado de registo criminal. Se calhar também aquela coisa que diz que fui à tropa. (Não diz.) Suponho que PPM acha que, no caso dele, as credenciais estão apresentadas por natureza.
(2) PPM acha, não sei bem a que título, que ele é competente para (e capaz de) me avaliar (dizer se eu sou bom em alguma coisa, na expressão dele). Para seu esclarecimento, a minha subsistência depende de quem me avalia, gente que eu nem escolho. E não invoco, como outros, que a avaliação me perturba psicologicamente. Mas mantenho o direito de me rir muito da sua reivindicação de poder ser meu avaliador. Instantâneo, ainda por cima.
(3) A reacção de PPM talvez seja de puro e genuíno espanto por, enquanto ele se preocupa com questões importantes e gente de peso, aparecer um anónimo qualquer, como eu, a ousar criticá-lo, mesmo que incidentalmente. Isso diz alguma sobre o estado do círculo de intervenientes na coisa pública. Talvez se surpreendesse menos se eu usasse o estilo dos comentários mais frequentes nos sítios em linha dos jornais. Mas não: que se há-de fazer?
Gosto muito de instantâneos. Retratos instantâneos, quero eu dizer. Mesmo que sejam pequeninos. Tipo 3 por 5. Centímetros. Os instantâneos, claro.