17.2.10

grandes portugueses / uma derrota de Barroso



Uma certa opinião publicada tem vibrado com a indicação de João Vale de Almeida (JVA), ex-chefe de gabinete de Barroso como presidente da Comissão Europeia (CE), para “embaixador” da União Europeia (UE) em Washington. É assim como se mais um português se impusesse ao mundo. O entusiasmo parece-me um bocado apressado.
JVA, actual (recém-nomeado) Director-Geral para as Relações Externas na Comissão Europeia, estaria nos projectos de Barroso para chefe do novo Serviço Diplomático Europeu. Seria a forma de o presidente da CE tentar controlar esse novo braço armado – de forma muito pessoal, digamos assim. Talvez Barroso confiasse em que a senhora Ashton fosse tão manipulável como ele desejaria – deixando correr o marfim.
Só que a senhora Ashton, “ministra dos negócios estrangeiros da UE”, tem um duplo chapéu: exerce essa função enquanto vice-presidente da CE e enquanto representante do Conselho (órgão onde deliberam os governos dos Estados Membros). E é britânica. E os britânicos não são do género de andar nas instâncias comunitárias a dizer mal uns dos outros, bem pelo contrário. E são muito dados a limitar os poderes da CE e a alargar o peso dos governos dos diferentes países.
Resultado: o lugar de “embaixador” da UE em Washington, que Barroso já tinha espalhado que iria ser o primeiro “doce” para um diplomata de peso oriundo de um Estado Membro, teve que ser usado para desocupar a trilha de chefe do serviço diplomático europeu. JVA vai para um exílio bastante dourado, é certo. Mas vai como penhor de uma derrota de Barroso perante a senhora Ashton.
Lamento desiludir os entusiasmados com a coisa.


(Uma boa achega aqui.)