Sábado passado houve tempo para ir ao cinema. "Invictus", um filme de Clint Eastwood, com Morgan Freeman no papel de Nelson Mandela e Matt Damon como capitão da equipa sul-africana de rugby. Aconselho: é um filme a ver.
Bom, o filme não é verdadeiramente grande coisa. Muitos clichés (está-se mesmo a ver que os pretinhos e os branquinhos vão dar um abraço ou um aperto de mão quando chegar a hora da salvação), um abuso de técnicas simples de entretenimento e suspense de pacotilha (o tempo da final de rugby parece quase tempo real), aquelas coisas todas que estão desenhadas para sacar uma lagriminha (ou pelo menos um roer de unhas).
Então, por que ir ver? Porque a história é simplesmente fabulosa. É uma história verdadeira, embora pareça que há ali uns pormenores aldrabados, por exemplo o poema do poeta inglês William Ernest Henley (1849–1903) que dá o título ao filme não terá jogado exactamente aquele papel. Mas a história, no essencial real, é extraordinária.
Como extraordinário é Mandela, provavelmente o melhor símbolo de grandeza humana do século XX neste planeta (e talvez também em outros planetas). E aí bate o ponto: estou por tudo para homenagear Mandela e por apoiar homenagens a Mandela. E ele próprio concordou no essencial com este filme, o que me dá certas garantias.
A dificuldade que me parecia mais difícil de ultrapassar era a seguinte: como serei capaz de aceitar a cara de outro tipo a fazer de Mandela, quando a cara do líder histórico nos é tão familiar e presente? Pois, Morgan Freeman consegue isso ao não tentar sobrepor o seu próprio brilho ao brilho solar da personagem interpretada.
Em resumo: um filme médio que é absolutamente a não perder.