... disposto a servir bolinhos e chá à censura.
Quando estas coisas acontecem - Pedro Rosa Mendes diz que foi censurado na Antena1 - há sempre quem desvie a conversa. Ou porque é o Sócrates (o Sócrates dá para tudo), ou porque a culpa é da falta de liberalização, ou porque as empresas públicas são uma lama, ou porque os políticos são todos iguais... Denunciar, clara e inequivocamente, a censura - isso é que não: opta-se sempre pela alternativa de desviar a conversa.
Por que será que liberais-tão-liberais-que-eles-são não olham, num caso destes, para o pão que alimenta as bocas da censura, a saber, o peso de interesses económicos angolanos em terra portuguesa, quando esse peso faz vergar as colunas (in)vertebrais dos que se agacham para não molestar o colonizador? Não é assim sempre, não é assim em todo o lado. A muitíssimo pública BBC, mesmo não sendo santa, não é a promiscuidade que muitos acham congénita ao serviço público. Os States têm serviço público de rádio e televisão e estes pecados de descarada manipulação são considerados pecados, ponto final, e quem meta a mão na massa para fazer o contrário terá de se explicar. E assim em muitos outros países. Nem tudo é igual, nem tudo chafurda na mesma lama: mas há sempre uns liberais-vale-tudo que sacam da justificação ideológica como quem saca da pistola para descartar um grito de alma que lhes seria exigível perante a canhestra censura.
Algum dia virá em que certas pessoas sejam capazes de dizer, sem rebuços, "censura nunca mais"? Ou terão sempre e ainda de se encolher atrás de cortinas ideológicas?