No passado fim-de-semana, na Dinamarca, organizações dos parceiros sociais, relevantes para uns 250.000 trabalhadores em cerca de 6.000 empresas industriais, chegaram a acordo para um novo acordo colectivo para 2012 e 2013. Está em causa um aumento modesto do salário mínimo (1,27% em 2012 e 1,26% em 2013), que poderá traduzir-se numa queda efectiva dos salários reais em mais de um ponto percentual. A contrapartida foi um acesso acrescido dos trabalhadores a formação profissional. Normalmente, o acordo na indústria influencia os subsequentes acordos noutros sectores. Contudo, o sector público continua sem acordo.
Porque será que os trabalhadores aceitaram este acordo? (Na Dinamarca, a taxa de sindicalização ronda os 70%).
Pressionados pela perda de competitividade do país (nomeadamente face à Alemanha), talvez tenham alguma esperança nos planos do governo para consolidar as finanças públicas até 2013 (a partir de um défice actual de 4%). Espantados? É que desse plano consta de forma proeminente o projecto de um acordo tripartido para aumentar o emprego. O Governo quer que o país alcance um aumento líquido da oferta de emprego em cerca de 20.000 trabalhadores até 2020, o que, calcula-se, daria às finanças públicas uma entrada suplementar de 500 milhões de euros anualmente - dinheiro esse que permitiria sustentar no tempo fortes políticas activas de emprego.
Os empregadores não queriam começar as conversações para este grande acordo antes de concluírem o acordo colectivo bipartido, que agora se alcançou.
Há acordos que valem a pena, não há?