22.6.11

profetas


Daniel Cohn-Bendit no Parlamento Europeu em Maio do ano passado.



Não é a primeira vez que se coloca aqui este vídeo. Vale, contudo, a pena, repetir - e acrescentar qualquer coisa.

Desde logo, que não são só os medinas carreiras deste mundo que sabem fazer previsões. Cohn-Bendit foi - sem grande esforço, aliás - mais profeta do que muitos que para aí andam. E, como se sabe, Cohn-Bendit não foi o único a ver (não é, sequer, prever) que assim se passariam as coisas: como elas se estão a passar. A vantagem para Cohn-Bendit é que ele indica soluções dentro da UE.

Depois, que a hipocrisia dos "ricos" da UE continua a ser tão grande como era ao tempo - e isso pode ferir mortalmente esta Europa, mesmo que isso para já não se note por causa das solidariedades partidárias (o Partido Popular Europeu, com a sua hegemonia nos governos, ajuda a garantir que ninguém morda as canelas da senhora Merkel, por mais disparates que ela faça - e faz).

Incidentalmente, Barroso faz, neste vídeo, aquilo que passa a vida a fazer: o que lhe interessa é recontar a sua própria narrativa pessoal (empertiga-se para dizer que nunca perdeu as eleições, mas não diz que isso foi por se ter posto a mexer antes de chegar o seu tempo). Nunca antes de Barroso um presidente da Comissão Europeia tinha andado tão aos papéis, barata tonta num terreiro onde tem de fazer de conta que existe quando ninguém lhe liga. Os "grandes da UE" já nem se dão ao trabalho de fazer de conta que o ouvem, que esperam uma iniciativa sua - sequer de lhe arranjar um lugar de figurante na peça. Barroso limita-se a correr atrás das canas para poder dizer que viu os foguetes: provavelmente, já estará a pensar para onde fugir a seguir, talvez mais alto, talvez venha de férias cá para dentro.

Por que será que os nossos séculos XVI acabam sempre cedo demais?