Não, hoje a Europa não está connosco. A Europa da crise é a Europa governada, na esmagadora maioria dos países, pela direita. A Europa com pressa de cometer disparates e muito lenta a perceber o mundo. A Europa dos egoísmos nacionais e regionais, a Europa dos governantes dos países "centrais" que se esqueceram do que nos devem a todos. A pressa da Alemanha a apontar o dedo aos pepinos espanhóis, com se viu sem ter fundamento para isso, prejudicando gravemente a economia espanhola, é um retrato ridículo da torpe miopia dos que já não percebem nada do projecto europeu para lá do tamanho do seu próprio nariz. A Europa europeísta faz, contudo, cada vez mais falta. Ninguém da Europa pode vencer nesta globalização desregrada sem que a Europa volte a ser europeísta, volte a ter noção do "interesse comum" para lá do mero somatório de interesses nacionais. Sair da crise só vai ser possível no quadro de uma solução europeia.
É por isso que o voto nas eleições de domingo tem de ser o voto em quem tem mostrado saber agir a nível europeu. Votar na direita, votar no PSD e no CDS, é votar na corrente política europeia que se tem multiplicado em disparates que aprofundam passo a passo a crise comum, com a sucessiva aplicação de receitas mal sucedidas. Votar na esquerda que pensa que a renegociação da dívida é uma saída cor de rosa para a crise, que pensa que Portugal pode trilhar esse caminho sozinho, é votar na esquerda que continua a ser essencialmente anti-europeia e não compreende que é no barco europeu que temos de remar para encontrar um caminho marítimo acolhedor para todos. Votarei PS por ser o partido que, mesmo com erros de avaliação, está certo no essencial: apostou no passado, e continuará a apostar, numa solução europeia de conjunto, a única onde Portugal pode estar confortável. Esse caminho não será sem espinhos, é certo. Mas é o único caminho viável. Por isso voto no Partido Socialista no próximo domingo.