Uma das "técnicas" do anterior ciclo político (técnica velha, mas levada ao paroxismo pela política do ódio) consistiu em, para não ter que ligar aos argumentos dos adversários, tratar de os desqualificar. Era uma espécie de "tratamento de substituição". No campo dos apoiantes do anterior governo na blogosfera, talvez o mais causticado por esse tipo de ataque tenha sido o Câmara Corporativa. Criou-se uma doutrina, do género informe, segunda a qual "os Abrantes" (um rótulo de ódio, cuja invocação tinha a mesma função dos sininhos que os leprosos eram obrigados a usar para prevenir as gentes de que deviam afastar-se) seriam, disfarçadamente, "assessores pagos pelo erário público para fazer propaganda governamental".
Não estou particularmente interessado na atitude de prolongar as novelas de um ciclo para outro, mas este caso interessa-me, por ser razoavelmente específico como nódulo da guerrilha política recente. Assim sendo, fico à espera para ver que explicação arranjam, agora, aqueles doutrinários, para o facto de "os Abrantes" continuarem a existir. Está em curso, portanto, uma experiência crucial da blogosfera política à portuguesa. Ou o Corporações desaparece rápida e cruelmente, ou aquele expediente devia começar a envergonhar os que a ele recorreram: qualquer dia começo a fazer a lista...