O que sempre me atraiu no design: as coisas devem ser bonitas (são uma forma de arte), mas têm de funcionar (cumprir o fim a que as destinam). Nisso, uma qualquer peça de design é um magnífico representante das muitas coisas que na vida aguardam uma correcta série de decisões da nossa parte. Os utensílios que desempenham o seu papel no meio da maior fealdade: vai havendo quem o consiga. As peças bonitas que em absoluto se recusam a colaborar com a vida prática: entopem as casas tanto como os remorsos das utopias mal pensadas. Ideias com pés para andar que façam algo pela suavidade dos contornos: é mais raro. Também assim é em muitos departamentos da nossa complexa colmeia. Na filosofia, por exemplo. Em todas as filosofias abundam as abstracções (e algumas virão a tornar-se assassinas). E na política. Em todas as políticas. No dia a dia. Em todos os dias de todos nós há pecados que estão no desprezo do concreto. Contra essa maré, proponho a seguinte paráfrase do que dizia o outro: "a minha política é o design". Ou será antes "o meu design é a política"?
23.11.09
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