1.7.09

Primeiro dia do RoboCup 2009 em plena competição



A primeira vez que, estava eu recém-chegado como pós-doc ao Instituto de Sistemas e Robótica(I.S. Técnico), participei no acompanhamento da visita de uma turma do secundário ao laboratório onde se trabalha nos robots futebolistas, aconteceu-me a seguinte troca de palavras.
Depois de o Professor Pedro Lima ter orientado uma exibição dos futebolistas, e dado uma explicação das suas proezas talvez inteligentes, uma das professoras da turma, que era uma professora de filosofia, declarou: "Ah, mas os robots,ao contrário de nós, não têm conceitos". E eu, em resposta, perguntei (que é a melhor forma que os ignorantes têm de argumentar): mas se os conceitos são as ferramentas com que separamos certos aspectos da realidade de outros aspectos, ou distinguimos certas coisas e situações que cabem das que não cabem em certas categorias, se os conceitos afinal são fronteiras que achamos úteis para lidar com alguma espécie de realidade - os robots, que distinguem o que é ou não é uma bola, que distinguem o que é estar dentro ou estar fora do campo, o que é ou não é uma baliza, o que é ou não é um parceiro de equipa, e assim por diante... se os robots fazem todas essas distinções, não terão (pelo menos uma forma rudimentar de) conceitos?
Ainda hoje estou para ouvir a resposta da tal professora, dedicada aos seus alunos, mas talvez demasiado entusiasta do exclusivismo da espécie humana. É que, quando pensamos a sério nos robots, talvez possamos diminuir certos entusiasmos juvenis, mas ao mesmo tempo também percebemos que, lá por serem máquinas, não deixam de desafiar alguns dos nossos preconceitos mais enraizados.
Andar aqui no RoboCup 2009 a ver as tantas coisas variadas que tantos humanos andam a tentar que os robots façam no futuro - levanta questões. Quando os robots estiverem por todo o lado, isso, só por si, não mudará a nossa percepção dessas "coisas"? A ver vamos. Mas tem-se um primeiro vislumbre dessa "selva" aqui neste recinto (ou recintos) onde há quase tantos robots como humanos.

Hoje deixamos apenas algumas ilustrações de coisas que por aqui estão a acontecer.



A equipa ISocRob (da casa que me acolhe) sofre um golo. É a vida!


Prova da modalidade RoboCup@Home. Pouco convincente.
(Em posta anterior apresentei as modalidades.)

Um robot para Busca e Salvamento.

Um jogo dos humanóides da Liga de Plataforma Padrão.

Os humanóides "NAO" precisam de muita afinação...

... e até algum carinho!


Eu cá ainda prefiro os humanóides "livres" (que não são de plataforma padrão).

Como bola colorida entre as mãos de... um estudante de engenharia!

(Expliquei as modalidades e as ligas do RoboCup aqui e aqui.)