15.7.09

Novas Oportunidades



Muito do que por aí se escreve sobre o programa "Novas Oportunidades", no vento do diz que disse, na pose do "doutor sou eu que fiz tudo direitinho desde pequenino porque o papá pagou" ou, em alternativa, na modorra do "eu que sou fidalgo sou a minha própria oportunidade" - muito do que por aí se diz é falar barato e puro embarcar numa onda de é-chique-ser-do-contra-agora-que-antes-não.
Por isso copio, recopio, transcrevo - já que não fui eu fazer o trabalho de casa - uma parte d'esta posta de Eduardo Pitta no Da Literatura.

«(...) é vulgar ouvir pessoas de direita falar das Novas Oportunidades nestes termos: «Agora preenche-se um formulário e já está. Estudar para quê?» O facto é que não está. Tantos disparates destes ouvi, que procurei e consegui ter acesso ao dossiê de uma trabalhadora do privado, com mais de 50 anos de idade, e 10 anos de escolaridade, que se habilitou à certificação do 12.º ano. O que me chegou às mãos foi um dossiê com 208 páginas A4, complexo o bastante para quem não domine um módico de conhecimentos muito variados, que duvido fosse satisfatoriamente elaborado por grande parte dos recém-licenciados. (Conheço teses de mestrado bem mais pobrezinhas.) Uma excepção? Talvez. Nas Novas Oportunidades, como em tudo, haverá certificadores e certificadores. Esta senhora que dou como exemplo, com 34 anos de actividade profissional, resolveu a coisa em 4 meses. Mas muitos colegas seus (dela) tiveram de ter formação profissional pelo meio, só no fim obtendo o certificado. E, num grupo de 15, três não conseguiram.»