6.2.09

o medo, os socialistas - e ainda os falsificadores


Anda por aí um grande alarido porque Edmundo Pedro, fundador do PS, falou na existência de medo nesse partido. E um coro enorme de falsificadores tratou logo de colocar na boca de Edmundo Pedro aquilo que ele não disse. (Sei bem o que Edmundo Pedro, e os demais, disseram nessa ocasião: por acaso até fui eu que moderei o debate que motivou todo esse escarcéu.) Mas esses falsificadores podem saber, se o quiserem saber, que são falsificadores - porque Edmundo Pedro teve a oportunidade de plasmar nas páginas de um jornal (o Público de hoje) o seu ponto de vista - desta vez não censurado, porque ele tinha sido censurado por aqueles que descontextualizaram e truncaram a sua intervenção.
Afirma Edmundo Pedro (p. 8 do Público de hoje, repito para os que nunca encontram aquilo que não lhes interessa):
«As minhas afirmações foram descontextualizadas e isso deixa-me indignado. Uma frase dessas dá a ideia de que é um partido do medo e o PS é um partido de homens e mulheres livres. Mas é verdade que houve casos isolados de pessoas, sobretudo ligadas às autarquias, que me disseram estar com a moção [que subscreve] mas não a assinavam porque devido à sua posição tinham algum receio. Isto não quer dizer que o receio seja difundido pela direcção, nunca vi sinal nenhum disso. E não se pode generalizar: é um velho reflexo da sociedade portuguesa, não é do PS. As pessoas têm muitas vezes alguma dificuldade e receio em tomar posições ou ser frontais.»
E ainda:
«É verdade que o partido não é hoje o que era há 30 anos, quando era um partido de militância e causas. Há uma desertificação ideológica, mas isso acontece com todos. Há muita gente que vai para os partidos só com a intenção de subir, de se aproveitar, de ter um lugar. Nos partidos à direita do PS, é até mais evidente.»

Pode gostar-se ou não das declarações deste ou daquele senhor-camarada-ministro. Há coisas que não vão com o meu modo de ser. Não gosto de discussões centradas em refrões de feira. (Nem do sempre pronto a baralhar sem dar nada de novo, de seu nome Lello.) Mas não não acredito que um partido democrático possa viver com medos das discordâncias (grandes ou pequenas) no seu seio. E acho risível que haja jornalistas que desconhecem o facto de um grande partido democrático não ser propriamente um coro de freiras. Talvez por certos directores de jornais ainda serem demasiado marxistas-leninistas-qualquercoisistas é que alguma imprensa "de referência" vê telenovelas onde apenas há... vida. Ainda. Malgré tout.