6.1.09

a entrevista: agora a sério: 1- os entrevistadores



Acerca da entrevista de Sócrates, ontem, à SIC.

Primeiro, os entrevistadores. Gomes Ferreira fez perguntas que eram mais simpáticas do que pareciam, porque davam a Sócrates a possibilidade de se explicar sobre nuvens que por aí pairavam. Na maior parte dos casos, Sócrates não percebeu isso. Quanto a Ricardo Costa: o reguila mal educado. Parecia demasiado excitado com a presença do PM em sua casa, parecia pensar que estava num debate com o PM (não estava, estava numa entrevista), parecia achar-se infalível (o que Sócrates dizia eram opiniões, o que ele diziam eram verdades definitivas), parecia confundir o interesse dos espectadores em ouvir o PM com o seu próprio interesse pessoal em dizer a Sócrates o que ele podia abordar, cavalgou os temas mais demagógicos como um puto que está a roubar o berlinde ao vizinho (e foi engraçado ver Gomes Ferreira a fazer-lhe sinais discretos com a mão a tentar acalmá-lo para se poder perguntar alguma coisa de jeito). Numa entrevista destas os entrevistadores estão tão ou mais pressionados do que o entrevistado, porque serão julgados pela sua classe profissional: Gomes Ferreira, muito sólido como sempre, não acusou o toque; Ricardo Costa, pelo contrário, pareceu estar mais concentrado na plateia do que no seu trabalho.

Entrevista à SIC. Sócrates: “Tudo aponta para um cenário cada vez mais provável de recessão”.