31.7.09

concorrência feita à maneira é como queijo...

dos lavradores da terra aos lavradores das manhas



No passado dia 23 de Julho, Jaime Silva, Ministro da Agricultura, deu uma entrevista ao i. Essa entrevista está ainda em linha (ler na íntegra aqui), mas vale a pena deixar aqui alguns destaques. Para que se veja como certas “verdades” são construídas por certos actores, desde dirigentes sectoriais que parecem mais interessados nos seus ganhos privados do que nos lavradores, até comentadores televisivos pouco rigorosos, passando por assessores presidenciais cuja isenção ao serviço da nação deve ser questionada (para averiguar se não é contaminada pelas suas historiazinhas pessoais, como já antes escrevemos aqui.)


[compreender as sombras dos protagonistas]

«As manifestações começaram em 2005 e sempre pelo mesmo sector da direita, aquele que defendeu as ajudas desligadas da produção. Há uma acta, do último Conselho Nacional de Agricultura liderado pelo engenheiro Sevinate Pinto, onde se discutiu como implementar a reforma de 2003 em Portugal, e onde todas as associações, excepto a Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP), dizem "não" à introdução das ajudas desligadas da produção. E o Sevinate Pinto introduziu-as na mesma. Eu cheguei e disse que discordava em absoluto dessas ajudas, porque introduzem distorções de concorrência. Um agricultor que fazia cereais e passou a fazer hortofrutícolas tem uma ajuda e concorre com quem faz hortofrutícolas sem ajudas? É irracional.»


[despeito?]

«O assessor do Presidente da República (PR), Sevinate Pinto, é que não deve estar muito satisfeito comigo. Ofereceu-se para fazer determinado trabalho e eu disse que não. Não me passaria pela cabeça aceitar que o Sevinate Pinto fosse intermediário entre a Companhia das Lezírias e os rendeiros. Tenho uma carta dele a pedir para ser.»


[serão legítimos todos os interesses?]

«Não se esqueça que Sevinate foi assessor e consultor da CAP, e tem interesses pois é, ou foi - já não sei - produtor de cereais. Logo tem uma outra lógica, que vem de toda a Política Agrícola Comum (PAC) de 1992. (…) O governo francês decidiu aplicar uma espécie de modulação nas ajudas que não obrigam a produzir, retirando aos cereais e dando à produção de carne extensiva. E isto para a CAP foi balde de água fria. Até a França já percebeu que a PAC, como está, não pode prolongar-se nas próximas perspectivas financeiras. Quando os 27 discutirem as perspectivas para pós-2013 e virem que a PAC continua a ser responsável por 40% dos gastos do orçamento, em vez dos 32%, é evidente que toda a gente vai ter outras políticas importantes para financiar. E onde se vai buscar o dinheiro? Sairá da PAC. E é preciso saber isto, e dar aos agricultores um novo discurso. Senão, em 2013 não estamos preparados.»


[donde vem a raiva?]

« Naquela Assembleia [da República], os portugueses não reparam, mas quando estou ali sou acusado de estar sempre com ar arrogante. Mas é a única forma de resistir às bocas sistemáticas. Estou sentado do lado do CDS e aqueles senhores passam a vida a insultar-nos, a chamar "ladrão, caloteiro". (…) Olhe, imagine um agricultor que ia receber 100 mil euros por ano, como uns bem conhecidos e que já foram políticos, e surjo eu e digo: "Não vai nada receber 100 mil euros por ano porque a medida não faz sentido". Claro que não vai ficar satisfeito. Daí a insultar um ministro, não pode ser.»

[a isenção é um fruto verde]

«Onde está a substância da crítica do Marcelo [Rebelo de Sousa]? O MRB é bate e foge. A Agricultura foi a pior porquê? Nunca chegou tanto dinheiro à agricultura portuguesa, mas foi direccionado de outra forma. Será que MRB gosta das ajudas para não produzir, gosta do dinheiro todo concentrado em 6% dos agricultores?»



29.7.09

postas de pescada (ou "de mim falo eu")



Pacheco Pereira, num artigo de puro despeito (ou também inveja?) acerca do encontro de Sócrates com bloggers (na Sábado, aqui em linha), escreve a rematar: «Hoje a blogosfera está rendida ao mainstream, com os mesmos defeitos do mainstream. Tem o mesmo tom, a mesma agenda, os mesmos temas, que a imprensa, e mesma preocupação de carreira e ascensão que tem um jovem de uma jota. Claro que há excepções, mas esta é a regra.»
Senhor, Vossa Mercê é uma excepção ou está na regra?

A paternidade do monstro e os governos do PSD



Incontornável. Clicar absolutamente. E ler:

A paternidade do monstro e os governos do PSD.

E, já agora, convém não ficar por aqui e avançar para mais alguma coisa:

O monstro que ninguém dispensa...

É que há pelo menos dois aspectos em causa aqui. Primeiro, é preciso que o Estado não malbarate os recursos que os cidadãos colocam nas suas mãos. (Este é um ponto que a "esquerda do costume" era useira a esquecer.) Segundo, é preciso que o Estado exista e actue, como expressão de que a sociedade não é uma selva onde o salve-se quem puder é o lema do absoluto esmagamento dos mais fracos pelos poderosos e filhos de poderosos. (Este é um ponto que os liberais tendem a esquecer). É preciso procurar um caminho que não esqueça nenhuma destas dimensões. É aí que vejo sentido para uma "esquerda moderna", apesar de não gostar da expressão.

se isto for verdade, o mentiroso é Louçã



Paulo Campos desmente convite a Joana Amaral Dias para listas do PS.

Louçã, além de inquisidor encartado, papel em que se acha no direito divino de chamar mentiroso a quem bem lhe dá na gana (mais uma coisa em que está cada vez mais parecido com MFL), pode ser também um mentiroso sem vergonha. Por invocar "factos" que não existem - e que, apenas por isso, ele não podia conhecer. Esse será o caso se esta notícia do Jornal de Notícias for verdadeira. Poderá ter havido uma sondagem a Joana Amaral Dias, certíssima ou imprudente, contendo sugestões condenáveis ou não (tudo suspeitas que, nos aspectos condenáveis, estão por verificar), mas Sócrates nada tem a ver com isso: não sendo nem o autor material nem o autor moral da coisa. Mas isso não interessa nada ao Louçã cada vez mais armado em exorcista. O que ele acha é que o pessoal do BE lhe pertence. Irá proibir que simplesmente qualquer militante do PS fale com apoiantes do Bloco?


frescuras várias


Militantes do BE, convidadas pelo PS, declinaram o convite e recusam dar a cara.
No Ponte Europa. Com a devida vénia.


28.7.09

o monstro


ACTUALIZAÇÃO (de uma entrada que era de 24 de Julho)

Ricardo Reis, no jornal i, hoje, 28 de Julho (excertos):

«Um artigo no ano 2000, Cavaco Silva referiu-se às despesas do Estado como um monstro incontrolável.»

«Quando o PSD está no poder, o monstro cresce em média 0,35% por ano, enquanto quando é o PS no poder a despesa cresce apenas 0,25% por ano. Se olharmos só para o efeito do partido no poder na despesa pública para além do efeito das variáveis económicas, então o contributo do PSD para o monstro é ainda maior, o dobro do que o do PS. Olhando para os quatro governos individualmente, o maior aumento na despesa veio durante os governos de Durão Barroso e Santana Lopes: 0,48% por ano. Segue-se-lhe o governo de Cavaco Silva com 0,32%, António Guterres com 0,31%, e por fim José Sócrates com um aumento de apenas 0,14%. Se excluirmos o enorme aumento na despesa no primeiro trimestre de 2009 associado à crise, o governo de José Sócrates e dos ministros Campos e Cunha e Teixeira dos Santos teria a rara distinção de ser o único governo que reduziu o tamanho do monstro, de 21,5% do PIB quando tomou posse para 21% no final de 2008.»

«É importante realçar que destas simples médias não se devem tirar conclusões demasiado fortes. Mas elas fornecem pistas que põem em dúvida algumas explicações. Por exemplo, pode argumentar-se que o crescimento do monstro durante o governo de Cavaco e Silva se deveu apenas à convergência em relação à Europa. No entanto, como o gráfico mostra (e a análise estatística confirma), a despesa convergiu a um ritmo muito mais acelerado com Cavaco do que com Guterres. Tal como Miguel Cadilhe escreveu há uns anos, o monstrinho transformou-se num grande monstro no início da década de 90.»

«Outra história que não convence diz que a despesa subiu com o PSD entre 2002 e 2005 por causa dos compromissos assumidos por Guterres. Só que o aumento aconteceu sobretudo na parte final do mandato, com Santana Lopes e Bagão Félix. No início, logo a seguir a Guterres e com Durão Barroso e Ferreira Leite, a despesa crescia a um ritmo semelhante ao verificado nos tempos de Cavaco Silva.»

Ler na íntegra aqui.
***
(entrada original)
Ricardo Reis, no blogue da SEDES:
«Na minha coluna deste próximo Sábado no i discuto o caminho previsível da despesa pública (carinhosamente apelidada “o monstro” por Cavaco Silva) no seguimento do défice nas contas públicas. [...] O período de maior crescimento do monstro foram os anos em que o PSD estava no poder, com Durão Barroso e Santana Lopes: (0,35)0,61% por ano. Segue-se Cavaco (0,35%), e só depois Guterres (0,20%) e por fim Sócrates (0,11%). Quer dizer, o grande alimentador do monstro é o PSD, que supostamente é o partido mais à direita e fiscalmente mais responsável em Portugal. E o inventor do termo, numa crítica à governação de Guterres, afinal alimentou mais o monstro do que qualquer governo PS.»
Ler tudo aqui.


25.7.09

lugares de Estado



Louçã acusa Sócrates de tráfico de influências.


Louçã acha que um militante do BE é essencialmente incapaz de exercer um "lugar de Estado"? Louçã acha que qualquer "lugar de Estado" que venha a ser exercido por um militante do BE deve contar primeiro com ele próprio? Louçã acha que é dono dos militantes do BE, cabendo-lhe autorizar que eles aceitem lugares públicos? Ou Louçã acha que certos militantes em concreto são incompetentes para certos lugares em concreto, para os quais tenham sido convidados? Neste último caso, Louçã podia explicar que pessoas e lugares concretos são esses - e porquê a imputada incompetência. Em todos os outros casos, Louçã comporta-se como um cacique. Fico à espera de perceber melhor.
Entretanto, enquanto Louçã critica os que vêm para ocupar lugares, eu sempre digo que piores são os partidos que se fartam de criticar mas nunca querem lugar nenhum. Daqueles lugares onde é preciso fazer. Por esses partidos assim mostrarem só quererem desfazer, não construir.
Quanto à terminologia do tráfico de influências, ela é típica do bispo Louçã: entende a política como o seu "reino de Deus", onde cabe a ele excomungar, amaldiçoar e enviar para o inferno os que não seguem os seus mandamentos. A esquerda portuguesa não merecia melhor do que esta nova espécie de censor? (Ou será "sensor", por andar só a detectar o que melhor impressiona os ouvidos disponíveis para a demagogia?)


24.7.09

os políticos não são todos iguais






dantes


Polémica sobre peça satírica “mostra que não avançámos muito” desde o “Manifesto Anti-Dantas”.

Eu gostava de viver num país onde não se pedissem desculpas ao Dantas por dizer o manifesto anti-Dantas. Qualquer que seja o Dantas, quaisquer que sejam os merecimentos do Dantas. Eu gostava de viver num país onde não se ponderasse suspender preventivamente um espectáculo para poupar o Dantas. E onde não se gastasse dinheiro em publicidade nos jornais a pedir desculpas ao Dantas por se ter deixado dizer em público o manifesto anti-Dantas. E eu que pensava que isso era dantes.




23.7.09

il y a

14:33


Há o estranho nome do teu cão, Job,
Há o mar na tua janela em Vila do Conde
E que não é nenhum dos mares conhecidos
Quando entra de manhã nos teus dias.
Há o fogo fino, acobreado, do teu cabelo.
Há o sorriso que te perpassa nos lábios
Com a graça de um gato,
Com o traço de um gume aceradíssimo.
Há a menina que, às vezes,
Os teus olhos ainda são.
Há os teus dedos imaginando o que tocam.
Há as fotografias de toda a gente na tua vida.
Há as fotografias que não há de ti e de mim.
Há o incêndio, o tumulto, o cansaço
Que não sabes onde e como arrumar.
Há a sombra que eu sou
E o amor a cada dia mais novo em mim.

Nuno Morais, in Últimos Poemas, Quasi, 2009



20.7.09

alunagem

(Cartoon de Marc S.)


A oposição portuguesa não desdenharia ilustrar deste modo a chegada da Humanidade à Lua. Porque esse é o sentido das proporções com que essa oposição mostra encarar a realidade. É como se tudo fosse a brincar.

já só há revoluções em banda larga

09:51

Não é que devamos pôr os ovos todos no mesmo cesto. É que um ovo solitário nunca fará uma ninhada. E já não vale a pena partir ovos sem fazer omeletes. As igrejas dos santos perfeitos dos últimos dias podem servir para entreter as tardes de fim de semana, ou até para esperar sentado pelo reino dos céus. Mas não servem de nada para fazer avançar as nossas repúblicas de cidadãos. Essas, de futuro, só vêm em banda larga: saber preservar a diversidade, engenhando a força de nos juntarmos para os momentos de fazer.
Estamos nessa: «A vida tem destas coisas, juntar pessoas que não se conhecem, homens e mulheres, jovens e menos jovens, gente consagrada e por consagrar, gente divertida e sisuda, oriunda das mais diversas áreas profissionais e políticas, sem outra afinidade que não uma declaração de voto comum: nas próximas eleições legislativas vamos todos votar no... [ler lá


um

dois

três

19.7.09

citações às vezes



Pergunta-se em O Divagador: «Gostava de saber como é que a Ordem dos Médicos conjuga isto [citação] com isto [outra citação].» A coisa bem explicadinha encontra-se aqui.

17.7.09

pura poesia







Metallica: Nothing Else Matters

So close, no matter how far
Couldn't be much more from the heart
Forever trusting who we are
and nothing else matters

Never opened myself this way
Life is ours, we live it our way
All these words I don't just say
and nothing else matters

Trust I seek and I find in you
Every day for us something new
Open mind for a different view
and nothing else matters

never cared for what they do
never cared for what they know
but I know

So close, no matter how far
Couldn't be much more from the heart
Forever trusting who we are
and nothing else matters

never cared for what they do
never cared for what they know
but I know

Never opened myself this way
Life is ours, we live it our way
All these words I don't just say

Trust I seek and I find in you
Every day for us, something new
Open mind for a different view
and nothing else matters

never cared for what they say
never cared for games they play
never cared for what they do
never cared for what they know
and I know

So close, no matter how far
Couldn't be much more from the heart
Forever trusting who we are
No, nothing else matters

ode aos profetas sem memória



Tribunal de Contas: negócio do terminal de contentores de Alcântara é ruinoso para o Estado.

Estamos a falar de um Tribunal de Contas presidido por um homem que, quando foi proposto, tantos acusaram de que iria para lá "ao serviço do PS e do governo". Ou já se esqueceram do que disseram, nessa altura, de Guilherme Oliveira Martins?

Faz lembrar, na mesma onda, a Prisa e a TVI. Quando a Prisa tomou posições na TVI, a Prisa vinha para colocar a TVI ao serviço do PS e do governo. Quando a Prisa vai vender - e alguém vai comprar - é para acabar com a independência da TVI. A independência aparentemente garantida por aqueles que teriam vindo para acabar com essa independência.

Por que será que certos profetas não guardam registo das suas profecias?


MFL tem direito a uma interpretação especial

a falta de vergonha que algumas pessoas têm na cara


A notícia é esta: Tribunal de Contas: negócio do terminal de contentores de Alcântara é ruinoso para o Estado. Um blogue pega nisto e conclui: Comprovadamente, Pedro Santana Lopes fez uma gestão ruinosa e, da mesma forma, confirma-se que António Costa fez uma gestão ruinosa. Equivalem-se. Como não vejo o que tem a ver o rabo com os fundilhos, pergunto na caixa de comentários: como é que desta notícia se tira esta conclusão? Responde-me o senhor do blogue: eu não tenho que explicar nada. Só posso comentar: é pena que tanta desonestidade se passeie impunemente pelas nossas aldeias.
Quando este bloguista (eu escrevi "bloguista", não escrevi "bloquista"), tão apressado a inventar, escreve "Como tal, uma escolha consciente passará por confiar o voto a outra candidatura que não a desta dupla Dupont e Dupond", e baseia esse discurso - que talvez até pudesse ser legítimo noutro plano - dizia eu: baseia esse discurso em falsidade e desonesta amálgama, estamos conversados quanto ao nível a que se deixam alcandorar (ou rebaixar) certos "alternativos".

coisas para fazer em férias (6)




Tardi, Le Cri du Peuple

coisas para fazer em férias (5)






coisas para fazer em férias (4)


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Rosie Hardy, prelude to flight

15.7.09

não dou pulos utópicos


Uma espécie de coligação: Helena Roseta será a número dois da lista do PS à Câmara de Lisboa.

Confesso que achava mais piada à Helena Roseta quando ela ainda era militante do PSD, sítio onde ela acrescentava qualquer coisa. Nunca percebi o que Helena acrescentava ao PS. E nunca vi nada de politicamente substantivo na sua saída do PS. Não dou, portanto, pulos utópicos pela espécie de coligação entre o PS e os rosetistas. Mas nada disto interessa. O que conta é o alargamento da frente dos que pensam Lisboa com responsabilidade. E por isso querem juntar forças. Responsabilidade que o PCP e o BE não souberam ter, sem que se saibam as razões maiores que os justificam nesse aventureirismo.

(O que dá vontade de rir são os coligados à direita que dizem cobras e lagartos do movimento a reforçar as costas de Costa. E ainda dizem que "nós" estamos com medo...)

Novas Oportunidades



Muito do que por aí se escreve sobre o programa "Novas Oportunidades", no vento do diz que disse, na pose do "doutor sou eu que fiz tudo direitinho desde pequenino porque o papá pagou" ou, em alternativa, na modorra do "eu que sou fidalgo sou a minha própria oportunidade" - muito do que por aí se diz é falar barato e puro embarcar numa onda de é-chique-ser-do-contra-agora-que-antes-não.
Por isso copio, recopio, transcrevo - já que não fui eu fazer o trabalho de casa - uma parte d'esta posta de Eduardo Pitta no Da Literatura.

«(...) é vulgar ouvir pessoas de direita falar das Novas Oportunidades nestes termos: «Agora preenche-se um formulário e já está. Estudar para quê?» O facto é que não está. Tantos disparates destes ouvi, que procurei e consegui ter acesso ao dossiê de uma trabalhadora do privado, com mais de 50 anos de idade, e 10 anos de escolaridade, que se habilitou à certificação do 12.º ano. O que me chegou às mãos foi um dossiê com 208 páginas A4, complexo o bastante para quem não domine um módico de conhecimentos muito variados, que duvido fosse satisfatoriamente elaborado por grande parte dos recém-licenciados. (Conheço teses de mestrado bem mais pobrezinhas.) Uma excepção? Talvez. Nas Novas Oportunidades, como em tudo, haverá certificadores e certificadores. Esta senhora que dou como exemplo, com 34 anos de actividade profissional, resolveu a coisa em 4 meses. Mas muitos colegas seus (dela) tiveram de ter formação profissional pelo meio, só no fim obtendo o certificado. E, num grupo de 15, três não conseguiram.»

14.7.09

talvez



«Talvez não sejamos muitos e muitas... mas existimos. Somos as pessoas que, no espectro político-partidário, tal como ele se apresenta (e não o que idealizaríamos), se colocam entre o PS e o Bloco.» Escreve Miguel Vale de Almeida. E continua aqui.


13.7.09

os que perderam a estrela

ousar governar




Cinderella, Dexter Dalwood

A esquerda da esquerda da esquerda está enredada em tácticas e não está nada interessada nas realidades da governação. Da cidade de Lisboa como do país. O BE não pode governar com o PC de fora, o PC não pode governar com o BE de fora - porque ambos sabem que, quando estão na oposição, a única regra é criticar sem qualquer preocupação de realismo. E sabem como isso enche sacos eleitorais à custa de quem põe as mãos na massa. Por isso detestam os que tratam de tentar concretizar: o PS, em primeiro lugar; e depois todos os que arrisquem ir com o PS para cooperar em alguma obra.
Nós, que não vereamos nem ministeriamos, queremos os que ousem governar.

9.7.09

sermão aos peixes por um que não é antónio nem é santo



Prezais os homens úteis à vossa alimentação. Os comestíveis. E só depois os indigestos e os venenosos, os que não vos deixam compor o sono e os que perguntam, tanto perguntando até já não saberdes a resposta que sempre estivera pronta. Dos homens comestíveis sabeis os termos indígenas para os nomear, por espécie e por indivíduo; os sons que emitem e a que horas do dia ou da noite; a arquitectura dos membros e os planos das próximas viagens. E tratais de os ter à mesa. Mas dos homens indigestos só vedes como o seu brilho incomoda, cegando os olhos de candura e perturbando a coerência seca e pobre da teoria dos jogos. E só sabeis das plantas e frutos com funções terapêuticas que desfazem os gestos desses homens se aplicados nas devidas proporções. Em que quantidades, em que misturas, e com que persistência de aplicação maior aproveitamento se retira desse exército de antídotos que enchem enciclopédias de saberes iniciados. Enciclopédias inteiras somente sobre a técnica e a arte de contrariar os homens indigestos. E dos venenosos só sabeis os planos que incessante e eternamente se fazem para domesticar esses homens. E em cada caso estudado, chegado o estádio comparativo, o homem comestível é sempre de maior dimensão, mais sadio e mais saboroso do que o indigesto. E o homem indigesto, feitas todas as contas, é se calhar mais ameaçador do que o homem venenoso. E quem diz homem, diz Homem.



depois do rasganço, consenso e tranquilidade


Ferreira Leite quer "transformações profundas" em consenso, mas concorda com medidas sociais do Governo.

Manuela fala de "aquele consenso que é necessário para se fazerem transformações". Das duas uma: ou as transformações não ferem ninguém, ou os feridos concordam com o choque. No primeiro caso, essas transformações não o serão, de todo. No segundo caso, os feridos terão de ser sedados. Talvez pelos bonitos olhos de Manuela (que, pensando bem, não é o que a senhora tem de pior). A "tranquilidade" passou de Alvalade para a Lapa. Foi a forma de MFL rasgar o seu discurso do rasganço. É esta a "verdade" prometida?


8.7.09

ainda o RoboCup Júnior 2009 e as marcas que se fazem nas almas jovens

(Foto de Porfírio Silva)


Contra os rigoristas, eu entendo que a possibilidade de contacto com jovens de outros países, por ocasião de eventos educativos transnacionais, tem um valor próprio, irredutível ao conteúdo das aprendizagens "escolares". Porque estas outras aprendizagens deixam marcas, normalmente positivas, mas sempre formativas. Como esta "assinatura" de alunos de uma Escola Profissional portuguesa numa bandeira de outra língua e que viajará para outras terras. Como outras marcas que às vezes acontecem, até nas almas jovens censuradas.


crónicas do sr. Fernandes


Ex-autarca socialista foi intermediário no negócio suspeito do edifício de Coimbra .

«O antigo vereador socialista na câmara de Coimbra Luís Vilar foi intermediário na alegada venda irregular do edifício dos CTT de Coimbra e é acusado de prevaricação, tal como o presidente da autarquia, o social-democrata Carlos Encarnação.»

O actual presidente da Câmara, do PSD, é acusado da mesma coisa que um ex-autarca do PS. Mas o senhor Fernandes faz um título "independente".

De qualquer modo, todos eles são "suspeitos", como se diz no corpo da notícia. Mas não se diz no título. No título está lá "suspeito" mas não é sobre as pessoas: é sobre o negócio. Coisas do sr. Fernandes.

centrão


CDS propõe nova comissão de inquérito ao BPN e também ao BPP.

A "direita" queria imolar Constâncio por que não perdoa que o governador do Banco de Portugal tenha há uns anos "certificado" o défice monstruoso que o governo CDS/PSD tinha deixado escondido. A "esquerda" queria imolar Constâncio como substituição da impossibilidade de acabar com o capitalismo por decreto. E ficam todos muito zangados por uma comissão parlamentar de inquérito não servir para essas coisas. Esse é o verdadeiro "centrão": encontram-se a meio caminho entre duas vinganças falhadas para fazerem o que não se vê em país nenhum - comunistas e "democratas-cristãos" ombro a ombro no combate político.

questões bizantinas


Alegre afasta participação no programa do governo do PS.

Confesso que tenho uma curiosidade insaciável em saber que ideias Alegre poderia contribuir para um programa de governo. Ideias? Uma ideia que fosse. Para um programa de governo que seja para governar. Essa curiosidade, contudo, é mais difícil de satisfazer do que obter a resposta à questão "quantos anjos dançam na ponta de uma agulha".

(Claro, devia fazer um jeitão ao PS meter o homem em qualquer coisa com esse cheirinho a compromisso. Isso até percebo. Mas aí estamos a falar de coisas diferentes.)

7.7.09

um ensaio moral em política internacional


Prossegue a crise nas Honduras: Zelaya seguiu para Washington e pensa reunir-se com Hillary Clinton.


Um presidente do quintal dos EUA, considerado mais chavista e anti-americano do que outra coisa, é deposto pelos militares sob o pretexto de que se preparava para desrespeitar a constituição. Chaves até acusa os americanos de estarem na sombra do golpe. Mas os americanos condenam o golpe e, pelos vistos, talvez até se mostrem amigos do seu inimigo. Em nome da regularidade democrática. Então, esquecem o facto central das relações de forças, que têm de ser sempre empurradas para nos tornar mais fortes e mais fracos os adversários? Será que Obama pretende moralizar as relações internacionais? Isto ainda acaba mal...


os profetas da treta anunciaram...


Duplica percentagem de reprovações a Matemática nos exames do 12º ano.


«A média do exame nacional de Matemática A, 12.º ano, desceu de 12,5 para 10 valores, tendo mais do que duplicado a taxa de reprovação à disciplina, segundo dados do Ministério da Educação hoje divulgados. Para a tutela este resultado traduz “menos investimento, menos trabalho e menos estudo” do lado dos alunos, na sequência da “difusão da ideia que os exames eram fáceis” por parte da comunicação social.»

Mais um episódio da novela de sensacionalismo à volta dos exames. Uma novela de sensacionalismo em que o Público participa com fervor ideológico. Tomando os argumentos unilaterais como verdades definitivas. Usando tudo, incluindo os interesses dos alunos, como vítimas no altar do jogo político. E agora, o que vão dizer?

Louçã, um dos mais velhos políticos portugueses



Louçã não subscreve elogios de dirigente do BE a Manuel Pinho.


«O coordenador da comissão política do Bloco de Esquerda (BE), Francisco Louçã, demarcou-se hoje da apreciação do responsável da comissão de trabalhadores da Autoeuropa, António Chora, sobre Manuel Pinho no jantar de despedida do ex-ministro. António Chora, que integra a comissão política do BE, participou sábado à noite num jantar de despedida do ex-ministro Manuel Pinho, em Lisboa, e afirmou, segundo o "Diário de Notícias", que o ex-governante "fez muito pela indústria do país". Em declarações à Lusa, Francisco Louçã frisou que as palavras de António Chora não foram ditas "em representação do Bloco de Esquerda" e em nada significam divisões no seio da comissão política bloquista sobre a actuação de Manuel Pinho.»

Os truques dos políticos mais manhosos. Dos políticos velhos, da velha política. Que é o que Louçã é, não apenas por ser um comunista radical desde pequenino, com as manhas estranhas de uma seita ultra minoritária dentro dessa família, mas principalmente por ser hoje um tacticista da pior espécie, mostrando todos os truques retóricos da política de trazer por casa, em nome de quê? Da luta pelo poder. Não do poder dos trabalhadores. Mas do seu poder. O que se teme nestes homens não é o seu idealismo. Se ele alguma vez existiu. O que se teme nestes homens é que as nossas vidas estariam em perigo se eles algum dia tivessem o poder que realmente quereriam ter. É o que me faz rir dos que admiravam "a estatura" de Cunhal. Se ele algum dia tivesse chegado a sovietizar este país, esses admiradores ou se vergavam ou pagavam caro qualquer descaminho. Felizmente, nunca tivemos oportunidade de provar tal receita. Provaremos um dia da receita de Louçã? A crescente arrogância do homem faz crer que ele pensa que um dia chegará a sua hora. Infelizmente, muitos dos apoiantes do BE não percebem que certas máquinas de poder nunca mudam.

[O meu corrector ortográfico associado ao navegador insiste em que não é "Louçã" mas "Louça". Mas isso seria outra louça.]

Alegre, tal como o PSD, ...



Alegre lança repto a Elisa Ferreira e Ana Gomes para que optem por uma só candidatura.


«Tal como o PSD, também Manuel Alegre quer que a decisão tomada pela direcção do PS de proibir as duplas candidaturas tenha efeitos retroactivos. O mesmo é dizer que desafia Elisa Ferreira e Ana Gomes, ambas eurodeputadas e candidatas a câmaras municipais (Porto e Sintra), a renunciarem a uma das funções.»

Tal como o PSD, Alegre cava e cavalga a demagogia anti-políticos. O que os eleitores tinham a dizer sobre as candidatas que assumiram duas candidaturas, já o disseram em eleições. A diferença é que Elisa Ferreira e Ana Gomes têm profissões, que interromperam e prejudicaram para se dedicarem à causa pública. E Alegre há milhões de anos que se passeia pelo Parlamento e pelos congressos partidários a falar, só a falar, de preferência a falar mal de todos os que tentam fazer alguma coisa - até por que não tem profissão nenhuma a que pudesse voltar em vez da política. Se Alegre, "tal como o PSD" (como escreve o Público), quer que fazer política seja um exercício de destruição pessoal, talvez para obrigar os políticos à precariedade que ninguém quer para qualquer trabalhador, então está a agir acertadamente. A alternativa é que só os filhos de algo e os ricos se possam dedicar à política. É isso que Alegre quer, ele que preza tanto os seus antepassados nobres?

6.7.09

robots humanóides a jogar futebol



Dois pequenos exemplos de robots humanóides da "liga de plataforma padrão" (robots NAO) numa partida da fase final do RoboCup 2009 (em Graz, Áustria), que terminou ontem.




Um exemplo da dinâmica do jogo.


Um golo interessante.

Portugueses no RoboCup 2009: novas gerações de campeões


Voltemos ao relato do que se passou em Graz, no Campeonato Mundial do Futebol dos Robots, depois de dias agitados nas fases finais de todas as competições, ocasião para passarmos o tempo a correr de um lado para o outro para conseguir (tentar) estar a par de tudo o que estava a acontecer (e era muito). Neste apontamento vamos concentrar-nos nos resultados dos portugueses - onde teremos que sublinhar a importância e o volume de bons resultados alcançados pelas equipas portuguesas, principalmente no sector Júnior (se também valorizarmos, e valorizamos, a quantidade).

Na arena principal do RoboCup, as competições para equipas do ensino superior, a equipa CAMBADA, da Universidade de Aveiro, campeã mundial 2008 na Liga de Robots de Tamanho Médio, talvez a liga do futebol robótico mais significativa em termos científicos e de engenharia, conquistou este ano de novo um excelente resultado: um terceiro lugar na classificação geral. E, além disso, venceu um dos dois Desafios Técnicos: aquele que consistia em reconhecer a bola em jogo sem ser por meio de uma cor pré-determinada. O novo campeão é a equipa RFC Stuttgart.


CAMBADA, 3º lugar na Liga dos Robôs Médios e vencedores do Desafio Técnico I


Entretanto, no RoboCup Júnior, onde concorrem alunos do ensino básico e secundário, é que a avalanche de prémios de topo assinala uma participação portuguesa notável. Vamos por partes, e só ao resumo, porque já assim seremos longos.

No Futebol Robótico Júnior as equipas portuguesas competiram (na versão A) quer no nível Secundário quer no nível Primário (menores de 14 anos). Temos agora dois campeões mundiais no Secundário, que são duas equipas da Escola Profissional Cenatex: Cenatex 2 é campeã mundial por equipas; Cenatex 1 é campeã mundial por super equipas, além de ter obtido também o 3º lugar por equipas. (As super equipas são equipas de equipas, normalmente de países diferentes, criadas por sorteio, para estimular o intercâmbio e a cooperação entre os participantes, contando para a classificação o desempenho de todas).


Cenatex 2 , Campeões mundiais de Futebol RobóticoJjúnior (A, Secundário) por equipas



Cenatex 1, Campeões mundiais de Futebol Robótico Júnior (A, Secundário) por super-equipas


No Futebol Robótico de nível Primário, a equipa APCS Guarda – VidroEstor ficou em segundo lugar por super equipas.



Na Busca e Salvamento Júnior, nível Secundário, a equipa APCS Guarda – Montepio ficou em terceiro lugar por equipas e ganhou o Prémio da Melhor Apresentação, enquanto a Escola Profissional de Braga conquistou o 3º lugar por super equipas. No nível Primário, a Vivinho Team, do Agrupamento de Escolas de São Gonçalo, é campeã mundial em super equipas (ex aequo).

APCS Guarda – Montepio, Prémio para a Melhor Apresentação em Busca e Salvamento Júnior (Secundário)


Vivinho Team, Campeões mundiais de Busca e Salvamento Júnior por super-equipas (Primário)


Na modalidade de Dança, nível Secundário, a equipa The Birth of a Dragon, da Escola Profissional Gustave Eiffel, é campeã mundial por equipas (ex aequo); a equipa Roll Bots, da Escola E.B. 2, 3/S Vieira de Araújo, é campeã mundial por super-equipas (ex aequo). No nível Primário, a Naturateam, do Agrupamento de Escolas de São Gonçalo, venceu o Prémio Especial dos trajes.


The birth of a Dragon, Campeã mundial de Dança robótica (Secundário) por equipas (ex aequo)



Roll Bots, Campeã Mundial de Dança Robótica (Secundário) por super-equipas (ex aequo)

No conjunto, a participação portuguesa, se tem sido muito boa noutros anos, foi notável na edição 2009 do RoboCup.

Para o ano é em Singapura (e aí certo aspectos práticos tornam-se mais complicados).


(Nota: Iremos disponibilizando nos próximos dias, pouco a pouco, mais imagens desta edição do RoboCup, quer das equipas portuguesas, quer de outros aspectos do que lá se passou.)

Continuo a sugerir: vá pensando no significado de todos estes robots e, depois, participe na consulta orientada pela pergunta "As máquinas pensam?". Como? Votando ao cimo da página.



2.7.09

Graz, RoboCup 2009: entrada em competição dos juniores


Hoje foi dia de entrada em competição dos juniores. Uma grande delegação portuguesa cobre todas as modalidades: futebol, busca e salvamento e dança. Ainda é cedo para falar de resultados, mas vale a pena sublinhar dois aspectos sobre o RoboCup Júnior.
Primeiro, o seu inestimável valor educativo, valorizando a educação tecnológica. Segundo, o ramo Júnior deste movimento resolve muito melhor que o ramo sénior a questão da participação feminina – embora muito à custa da modalidade “dança”, onde, em geral, elas dançam mais e melhor do que os seus robôs... Essa circunstância, e uma certa liberdade criativa, faz com que essa modalidade traga um colorido à competição. Procuremos ilustrar isso.



Aspectos das "oficinas" da modalidade de dança do RoboCup Júnior.






A Escola Profissional Cenatex, única representação portuguesa no Futebol Robótico Júnior 2x2, entrou cedo em campo



A Cooptécnica - Gustave Eiffel apresentou à modalidade de dança «The birth of the Dragon», mas talvez o dragão robotizado tenha dançado menos do que as raparigas


A Associação Portuguesa de Crianças Sobredotadas (Guarda) participa também na modalidade de Busca e Salvamento.



A Escola Profissional de Braga parecia estar a pesar conscienciosamente as suas responsabilidades



E o público: no RoboCup o público, na sua diversidade, é sempre outra festa.




Sugiro ainda a leitura da minha outra reportagem, peça de hoje no Ciência Hoje.


quem só sabe comer com as mãos...

é bem visto

os problemas que interessam ao sr. Fernandes



Socialistas centram estratégia na destruição do “falar verdade” de Manuela Ferreira Leite.


Um jornal de referência deveria interessar-se pelo uso adequado do conceito de verdade em política. Que o slogan não esconda uma prática contrária. Mas o sr. Fernandes interessa-se (preocupa-se) é que haja quem faça o trabalho dele. Que ele não faz. Por estar, o sr. Fernandes, a fazer política e não jornalismo. Quando o sr. Fernandes se preocupa com o que politicamente devia ser publicado, e não com informar, quer no seu jornal quer em outros, é porque o sr Fernandes entrou no domínio da farsa. Agora que o preocupe o facto de nem todos estarem na sua farsa - já é delírio.
É bom que o sr. Fernandes comece a compreender que ninguém lhe pagará o frete. Ou por falta de crédito (se ele não atingir as suas metas) ou para evitar convivências indecorosas (mesmo que ele atinja as tais metas).


1.7.09

Primeiro dia do RoboCup 2009 em plena competição



A primeira vez que, estava eu recém-chegado como pós-doc ao Instituto de Sistemas e Robótica(I.S. Técnico), participei no acompanhamento da visita de uma turma do secundário ao laboratório onde se trabalha nos robots futebolistas, aconteceu-me a seguinte troca de palavras.
Depois de o Professor Pedro Lima ter orientado uma exibição dos futebolistas, e dado uma explicação das suas proezas talvez inteligentes, uma das professoras da turma, que era uma professora de filosofia, declarou: "Ah, mas os robots,ao contrário de nós, não têm conceitos". E eu, em resposta, perguntei (que é a melhor forma que os ignorantes têm de argumentar): mas se os conceitos são as ferramentas com que separamos certos aspectos da realidade de outros aspectos, ou distinguimos certas coisas e situações que cabem das que não cabem em certas categorias, se os conceitos afinal são fronteiras que achamos úteis para lidar com alguma espécie de realidade - os robots, que distinguem o que é ou não é uma bola, que distinguem o que é estar dentro ou estar fora do campo, o que é ou não é uma baliza, o que é ou não é um parceiro de equipa, e assim por diante... se os robots fazem todas essas distinções, não terão (pelo menos uma forma rudimentar de) conceitos?
Ainda hoje estou para ouvir a resposta da tal professora, dedicada aos seus alunos, mas talvez demasiado entusiasta do exclusivismo da espécie humana. É que, quando pensamos a sério nos robots, talvez possamos diminuir certos entusiasmos juvenis, mas ao mesmo tempo também percebemos que, lá por serem máquinas, não deixam de desafiar alguns dos nossos preconceitos mais enraizados.
Andar aqui no RoboCup 2009 a ver as tantas coisas variadas que tantos humanos andam a tentar que os robots façam no futuro - levanta questões. Quando os robots estiverem por todo o lado, isso, só por si, não mudará a nossa percepção dessas "coisas"? A ver vamos. Mas tem-se um primeiro vislumbre dessa "selva" aqui neste recinto (ou recintos) onde há quase tantos robots como humanos.

Hoje deixamos apenas algumas ilustrações de coisas que por aqui estão a acontecer.



A equipa ISocRob (da casa que me acolhe) sofre um golo. É a vida!


Prova da modalidade RoboCup@Home. Pouco convincente.
(Em posta anterior apresentei as modalidades.)

Um robot para Busca e Salvamento.

Um jogo dos humanóides da Liga de Plataforma Padrão.

Os humanóides "NAO" precisam de muita afinação...

... e até algum carinho!


Eu cá ainda prefiro os humanóides "livres" (que não são de plataforma padrão).

Como bola colorida entre as mãos de... um estudante de engenharia!

(Expliquei as modalidades e as ligas do RoboCup aqui e aqui.)


eu sei em que condição