28.2.09

o teatro do cardeal


Louçã agradece "honra" ser sido transformado em principal adversário do PS.

O cardeal Prefeito da Congregação para as Causas da Esquerda está sensibilizado com o facto de o PS não lhe ter enviado chocolates e flores. Vê as convergências à esquerda como a sua quintarola, diz o que lhe apetece, sempre com aquele ar de "superioridade moral dos estalinistas-de-braço-dado-com-trotskistas" - mas ruboriza quando não o reverenciam. Quereria talvez que o PS lhe escrevesse uma carta de arrependimento? Que o PS abjurasse os seus pecados socialdemocratas e o fosse buscar para lhe entregar a virgindade perdida? Pachorra, eminência.

as esquerdas: a mínima, a máxima e a assim-assim


António Costa chama “parasita” ao Bloco de Esquerda.

O Bloco de Esquerda tem mostrado um notável desprezo pela crucial diferença entre, por um lado, dizer mal, coisa que algumas oposições acham suficiente, e, por outro lado, fazer melhor, coisa de que o país realmente necessita. Ao mesmo tempo, demasiados dirigentes socialistas parecem convencidos de que essa doença se cura tratando o BE com graçolas e piropos de mau gosto, em vez de tratarem de explicar seriamente ao país o que está em causa. Se calhar acham que o país não é capaz de compreender nada sem um módico de folclore à mistura. Ou então acham que o congresso precisa de animação, para parecer a festa de que falava Manuela. Até porque, vendo bem as coisas, se o PS não quer nada com o BE, por que se há-de importar com o facto de o BE não querer nada do PS? Incongruências da ladainha que se limita a repetir a reza pela maioria absoluta.


cuidar

(Japão, 2005. Foto captada e manipulada por Porfírio Silva. Clicar amplia)

iliteracia digital para totós


Computador de procurador do caso Freeport foi infiltrado por programa que permite controlo remoto .


Jogar com a ignorância. Neste caso com a ignorância de que o extraordinário evento narrado, podendo até ser grave (invasão das ferramentas de um procurador), não tem certamente nada a ver com o caso Freeport. Jogar com a ignorância, dizemos, por ser o caso que esses problemas de segurança digital são ubíquos, estão por todo o lado. E fazer de conta que isso deve ter a ver com este ou aquele caso, sugerir isso nas entrelinhas, é a cobardia do costume. E o caro leitor, que provavelmente já sofreu um ataque desse no seu computador, se calhar sem ter tido bem consciência disso, em que conspiração tenebrosa anda metido, hein?! O melhor é confessar já...

27.2.09

Louçã e Manuela, um par jeitoso


Bloco de Esquerda desvaloriza ausência do primeiro-ministro de cimeira europeia por esta ser "irrelevante".

Louçã, no fundo, está no mesmo tom de Manuela Ferreira Leite: desvalorizar as instituições. Cada um tem o seu cardápio de desprezos: MFL despreza os congressos partidários, Louçã despreza as instâncias comunitárias. (E não me venham com a desculpa de que se trata de uma cimeira informal: quem conhece o funcionamento da UE sabe bem que as reuniões "informais" são na realidade tão ou mais importantes do que as formais.) A "esquerda máxima" não precisa de se esforçar muito para convergir tacticamente com os discursos proto-facistas.

os erros do Público



Que o quotidiano Público está sempre cheio de gralhas, todos sabemos. Que o quotidiano Público até já publicou chaves erradas do euromilhões, talvez nem todos se tenham apercebido. Mas o Público hoje atingiu um novo máximo da sua inenarrável saga do disparate: estampa um preço errado para a venda da sua própria edição. Nesta sexta-feira "quase fim de semana", cada exemplar do Público custa 1,5 euros. Mas tem lá escrito que custa 1 euro e 40 cêntimos. Bravo, sr. Fernandes: atingiu mais um grau na sua experiência social designável "como transformar um jornal de referência num boletim paroquial". Os boletins paroquiais que me perdoem!


um discurso proto-fascista


Ferreira Leite diz que ausência de Sócrates na Cimeira Europeia será “inaceitável e escandalosa”.

Santos Silva acusa a líder do PSD de ter concepção “empobrecida” da democracia.

Manuela Ferreira Leite fala do congresso do partido que tem actualmente responsabilidades governativas nacionais como de "uma festa" a que Sócrates quer ir em lugar de ir a uma cimeira informal da UE. Como todos os proto-fascistas, MFL não tem o mínimo respeito pela função dos partidos em democracia. Mostra assim, também, uma parte do seu erro de método: tratou com ligeireza as suas responsabilidades partidárias, tratou os "seus" congressos do PSD como arraiais, com o resultado que se vê e que o país paga. Se se informasse antes de falar, saberia que nenhum líder europeu despreza desse modo as suas responsabilidades partidárias. E, além disso, MFL concebe as estruturas de poder da UE como "rodas de amigos", onde os "chefes dos índios" são indispensáveis, talvez por serem os únicos com o poder ritual de fumar o cachimbo da paz.
Os fascismos, no passado, não surgiram do nada. Surgiram de "dirigentes" que alimentaram os instintos básicos necessários ao desenvolvimento do fenómeno. Mas a contabilista não sabe disso, não quer saber, tem raiva de quem sabe - e continua a promover uma nova e mais perigosa versão do discurso da tanga.

26.2.09

Vergílio Ferreira e os robots


«Também tenho a minha parte de robot e não a nego. Mas sei que há outra coisa à minha espera e que só depois dessa é que não há mais nenhuma. Tenho apenas esta vida para viver, e seria quase uma traição que faltasse à sua entrevista – essa entrevista combinada desde toda a eternidade. Por isso eu a procuro à minha vida, em toda a parte onde sei que ela me espera com uma palavra a dizer. Os robots da loucura é que a ignoraram, porque o mundo deles é o da transacção imediata, um mundo táctil, de objectos, como o das crianças
Vergílio Ferreira, Carta ao Futuro, 1958
(consultada a 2ª edição, de 1966, na Portugália Editora, pp. 14-15)

É espantoso este comentário de Vergílio Ferreira, em dois sentidos. Primeiro, em 1958, uma certa compreensão de questões que poderiam ser suscitadas pela robótica. Em segundo lugar, e noutro sentido, e constituindo para mim algum desapontamento, uma certa incompreensão das crianças. Para dizer como seria pobre o mundo dos robots, compara-o ao mundo das crianças. Já se teria esquecido, nesse tempo, da sua meninice? Contudo, em certo sentido, quando deixamos a meninice - sim, talvez seja isso - perdemos certas coisas imediatas. Embotamos alguns sentidos. Mas sofisticamos outros, ou não? Ou o problema é mesmo esse: "sofisticar"?

Começa hoje o Ciclo de Conferências
Das Sociedades Humanas às Sociedades Artificiais.

25.2.09

apologia da crendice


Eu nem sequer sou um polemizador anti-religioso. Os ateus de hoje em dia até costumam achar que os agnósticos (que é o que sou em matéria de divindades) são uns moles, uns falhos de coragem, ou mesmo colaboracionistas. Pois, talvez. Mas não me excita a faca na liga dos ateus, nem a dos crentes. E sou contra tudo o que me parece excessivamente idiota.
A pérola que hoje vos proponho é uma citação do cardeal José Saraiva Martins, português que há muitos anos vive naquela quintarola ali no meio de Roma (não é a Avenida de Roma, é Roma mesmo), que foi até há pouco tempo Prefeito da Congregação para as Causas dos Santos. É da versão portuguesa do livro "Como se faz um santo". (Um grande título!)
E lê-se assim a páginas 41-42:
«Nas minhas orações dirijo-me com mais frequência, não aos santos, mas à Virgem Santíssima. Desde pequeno que a minha mãe me infundiu uma profunda e terna devoção por Nossa Senhora, de modo muito eficaz para uma criança. Mandava-me ajoelhar diante de um quadro mariano e dizia-me que, se eu rezasse com o coração, Ela me daria aquilo de que eu mais gostava. Era de rebuçados que eu mais gostava. E de facto, mal eu começava a rezar, caía-me uma mão cheia de rebuçados pela cabeça abaixo. Naturalmente, eu estava convencido de que era Nossa Senhora que os mandava, não a minha mãe, que estava atrás de mim. Como é maravilhosa e eficaz a pedagogia materna!»
É isto religião? Alguém me esclarece?



O senhor cardeal não devia comer tantos rebuçados.

24.2.09

porque insistimos que marcelo é aldrabão

aplaudo mas não sei porquê


BPP: PSD e PCP concordam com decisão do Governo mas pedem mais explicações.


Desde que esta "crise" se declarou, grande parte da oposição parece um frango com o pescoço cortado: dizem que sim, concordam, apoiam,... mas talvez não, talvez pouco, talvez muito, ... se calhar devia ser assim e ao contrário igualmente. Esta modalidade agora mostrada ao mundo (aplaudo mas não sei porquê) refina esse comportamento: concordam, mas querem perceber melhor. Mas se ainda não perceberam o que é que está em causa, por que concordam? Mas como é que concordam se ainda não perceberam o que se passa? É apenas uma variante de "não sei o que é, mas estou contra", que é o toque habitual das cornetas da oposição? Outras versões possíveis para esta oposição seriam: "isto é o que nós pedimos, mas estamos contra"; "isto é o único caminho possível, pelo que só a falta de imaginação do governo o leva por aí"; "não havia alternativa, pelo que o governo foi obrigado a agir assim e desse modo não tem nisso qualquer mérito". Ou então, na versão Marcelo das noitadas de domingo: acudam, que o governo quer a crise só para ele!


chamem a CEE




Gustave Courbet,A Origem do Mundo,1866


A Europa dá uma ajuda para resolver o problema.


Tanja Ostojic, Untitled, 2004



Para que não pensem que só há disto por cá.

«Tanja Ostojic / Statement

APA: your image has been called misogynist and sexist. can you imagine why? did you intend a reaction like that? why can't people stand to see the lower part of a woman's body?

T.O.: The Austrian tabloid Die Krone labeled this work pornographic despite the fact that there is no visible sexual organs on the picture nor has it been created to provoke an excitement of such kind, while the same yellow press paper is publishing images of naked women with an explicit erotic intention on a daily base. Die Krone could raise their edition with this superficial campaign and then moved on to new sensastions. A big part of the remaining press unintelligently overtook the media-scandal definition…

This work has been previousely published and on display already in Austria, but also in Canada, the U.K., Germany, the U.S. …in the form of being printed in Art Magazines, as a photography (46 X 55 cm) in art exhibitions, or as part of slide projections within my performance “integration impossible” and during lectures in Universities and public presentations. Several female and feminist theorists wrote on my work and a discourse of sexism was never brought into discussion in any of the above mentioned situations and I am sure that it doesn’t apply.»


o presidente da junta e os entrudos


Portugal contra decisões da UE tomadas apenas pelos grandes países.


«Os protestos da Bélgica, Polónia, Luxemburgo, Finlândia, Suécia e Portugal foram lançados, nesta ordem, numa reunião dos ministros europeus dos Negócios Estrangeiros. Estes seis países visaram a cimeira de líderes de outros seis Estados – França, Alemanha, Reino Unido, Itália, Espanha e Holanda – que decorreu domingo, em Berlim, para preparar a cimeira do G20 (formado pelos principais países ricos e emergentes) sobre a reforma do sistema financeiro internacional de 2 de Abril, em Londres.»

Que glória a de Portugal! Ser um português a abençoar a mais elementar traição àquele espírito comunitário que deu algumas realizações à "Comunidade Europeia"! Ser um português a dar um ar institucional aos grandes que aproveitam a boleia da crise para dividir a Europa entre potências e ajudantes! Os "grandes" da Europa, com Barroso convidado para os acepipes, não dão volta nenhuma à crise, mas aproveitam-na para mudar o poder na Europa mais a seu jeito - que é para isso que servem as crises, ora essa! E Barroso vai a todos os entrudos, não vá perder o seu lugarinho de presidente da junta de uma comuna belga qualquer.

22.2.09

ai ele é isso?


O aniversário de blogues diz que fazemos hoje dois anos. Obrigado pela informação. É um bocadinho irrelevante, mas sempre contribui marginalmente para o aumento do nosso auto-conhecimento.

20.2.09

o método do Público (2)

grafitos de lisboa



Grafito na Graça (Lisboa).
Clicar amplia.
Foto de Alessio del Bue.
Grazie, Alessio.

Filhotes de robot? Desenvolvimento pós-natal artificial




Ciclo de Conferências "Das Sociedades Humanas às Sociedades Artificiais" - Edição 2009
Primeira sessão: 26 de Fevereiro

Segunda palestra da primeira sessão:
Filhotes de robot? Desenvolvimento pós-natal artificial
José Santos-Victor, Instituto de Sistemas e Robótica / Instituto Superior Técnico

De que formas podemos estudar o cérebro humano (num sentido alargado) para melhor compreender o seu comportamento, capacidade de aprendizagem e adaptação, aquisição de linguagem, raciocínio, comportamento social, etc?

Se a neurociência, a psicologia, a linguística (ou a filosofia) são formas “clássicas” de o fazer, nesta apresentação propomos que a robótica (e a engenharia…) tem igualmente um papel importante nessa missão.

Vamos descrever alguns exemplos de um percurso com mais de 10 anos de colaboração estreita com neurofisiólogos ou psicólogos do desenvolvimento, no âmbito de projectos europeus, para estudar a aprendizagem, coordenação sensório-motora, percepção e interacção social - cruzando as competências destas diversas ciências.

Um dos exemplos a discutir está relacionado com a descoberta dos “mirror neurons” (neurónios espelho) no córtex pré-motor de macacos (e humanos). Estes neurónios não só são responsáveis por acções motoras como, surpreendentemente, estão activos quando o animal observa gestos de outros indivíduos. Parecem ser a base fisiológica para a empatia ou “mind reading” e foi sugerido estarem na génese da comunicação não verbal, imitação, linguagem e comportamento social. Vamos descrever modelos computacionais que ilustram como a adopção de representações motoras permitem melhorar a capacidade de um sistema artificial para o reconhecimento de gestos.

De igual forma vamos descrever resultados do projecto Robotcub, cujos objectivos consistem em desenvolver um robot humanóide semelhante a uma criança de 3 anos e usar este robot para investigar a cognição humana e o desenvolvimento pós-natal.

Pode o desenvolvimento de modelos computacionais e físicos (como um robot) ajudar a responder a questões fundamentais no desenvolvimento humano? (Numa extensão do Livro da Selva em que o filho do Homem se misturava com os animais, temos agora o filhote do robot imerso no mundo humano).

Este é o rationale de um conjunto de projectos e perguntas que têm envolvido o VisLab (Computer and Robot Vision Lab) do ISR ao longo de anos, numa aventura arriscada e multidisciplinar, que será objecto de apresentação e discussão nesta sessão.

[Mais informação aqui.]

Mundos de sentido: no natural e no artificial




Ciclo de Conferências "Das Sociedades Humanas às Sociedades Artificiais" - Edição 2009
Primeira sessão: 26 de Fevereiro

Terceira palestra da primeira sessão:
Mundos de sentido: no natural e no artificial
Por Isabel Ferreira (Doutoramento em Linguística, Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa)

(a conferência será proferida em português, para um público que frequentemente interage também em inglês)

Every form of cognition results from the interaction cognitive agent-environment, which is grounded on a relation of mutual dependence and influence where a basic and fundamental semiosis takes place.

In fact, a life form and its environment constitute a unit, a “closed purposive organisation” where the cognitive agent and the environmental bubble he is embedded in, though coupled and mutually influencing each other, tend to preserve their own identities.

It is the organism’s sensitivity to specific features- a consequence of its physical architecture- that allows for their recognition in the surrounding environment. But as Cassirer (1927) points out, this “seeability” is not a predicate attributed to things as such, as absolute things. It is in fact the result of an active process of interpretation led by the cognitive agent.

In this sense we can agree with Merleau-Ponty (1968) in that meaning exists at a pre-reflective level of existence. In fact there seems to be a primary, pre-ontological assignment of meaning, an assignment that is prior to any experience whatsoever and that enables cognitive agents to respond adequately to some environmental cues and to ignore others.

Salience, individuation and consequently meaningfulness depend on acts of interpretation carried out by specific cognitive agents. We aren’t sensible to stimuli that drive, for instance, bats or spiders. Though we share the same planet their world isn’t obviously ours.

Though any form of cognition always involves the construction of a meaningful world where the epistemic actor finds its place and role, it would be a gross error to oversimplify the complexity of human cognition.

Conscious of the complex way meaning is composed and conveyed among human organisms, Cassirer (ibid.) defines man as “animal symbolicum”. He suggests the existence of a symbolic system, which falls between the “receptor” and “effector” systems that it shares with all the other organisms. It is this symbolic system- language- that allows signs to be assigned values enhancing a three-part relationship between the “Sign-Using Self”, “Constructed Reality” and the “Other Self”.

Human cognition comprehends not just the organism’s capacity to cope with specific physical environments, but also its capacity to evolve in dynamic differentiated economic, social, cultural and linguistic contexts. It is this complex semiosis that is responsible for the production of all systems of values that give body to specific economic, social and cultural frameworks, where salience and meaningfulness are defined according to particular historical, cultural and linguistic backgrounds and are consolidated or redefined by recurrent individual and collective interactions.

The changes brought about by digital revolution to human cognition (especially in what concerns western societies) are huge. The boundaries that used to separate the “natural” from the “artificial” have nearly vanished as the two domains frequently overlap. Artificial environments progressively invade daily routine at the most elementary forms of interaction, the natural and the artificial criss-cross defining for the cognitive agent a single view of the world. Space and time become more fluid, enlarging this way significantly the scope of individual and collective interaction.

Simultaneously the projects leading to the creation of semiautonomous or even autonomous artificial entities, i.e. entities capable of interacting in natural and/or artificial environments, have contributed significantly to an enlarged view of the phenomenon of cognition. Biology is no longer just a metaphor that inspires AI. The inquiry into how elemental life forms interact with their environments has led to the identification of the fundamental role played by the physical architecture of the cognitive agent and has shed a light on the semiotic process that is common to all life forms, ultimately highlighting the very nature of meaning.

(resumo providenciado pela conferencista)

[Mais informação aqui.]

o método do Público


Escrituras no prédio onde Sócrates mora com valores divergentes.


O método do Público é simples: pega-se num tipo de situação que se sabe existir por aí; percorre-se a vida de um cidadão que se quer perseguir até encontrar um ponto onde eventualmente poderia ter ocorrido essa situação; juntam-se alguns elementos que sugerem que esse cidadão a perseguir poderia, se fosse o caso, estar envolvido numa situação dessas; dá-se nome ao cidadão; embrulha-se tudo e publica-se, com muita fé na falta de espírito crítico da maioria dos leitores. E dos eleitores. O Público aplica esse método, com persistência, ao cidadão José Sócrates. É o método cobarde de sugerir sem afirmar nada de realmente criticável, confiando em que a imprecisão da reprodução e a nebulosa da má-língua transformem num crime aquilo que, preto no branco, não é nada. O método do Público, que é um método de fazer política, é um método cobarde. Sujo. É o método de "se não podes vencer com as armas democráticas, mata a democracia se for preciso". E depois queixam-se da má fama da política. E não se queixam dos políticos frustrados disfarçados de jornalistas?

18.2.09

há quem acredite em máquinas auto-reprodutoras


...............................................Copyright Shane Willis


index

casamentos

12:22

Apesar da poluição a que este debate está sujeito, ainda um destes dias pensarei aqui em voz alta sobre o debate que para aí vai sobre o casamento. Tenho de ir com cautela, porque "as partes" em questão parecem, por vezes, pouco dispostas a argumentar e mais em mandar uns ou outros para o inferno.
Entretanto, vou juntando contribuições de outros. Para já: O fim do casamento, por Manuel João Ramos.

Darwinismo Artificial - Evolução Artificial: Arte e Ciência



Ciclo de Conferências "Das Sociedades Humanas às Sociedades Artificiais" - Edição 2009
Primeira sessão: 26 de Fevereiro

Primeira palestra da primeira sessão:
Darwinismo Artificial - Evolução Artificial: Arte e Ciência
Por Agostinho Rosa (Instituto de Sistemas e Robótica /Instituto Superior Técnico)

Antes de Wallace e Darwin a visão sobe a origem da vida na Terra era um grande mistério, mas 150 anos após a publicação de “A Origem das Espécies” por Charles Darwin (de que este ano se comemoram os 200 anos do nascimento) onde formulou a Teoria da Evolução e de muitos outros que aplicaram e desenvolveram as suas ideias, este mistério atenuou-se fortemente. Temos hoje uma maior compreensão do mundo como Ecossistema Global em que estamos inseridos. Apesar da Teoria da Evolução ter conseguido dar explicação à grande variedade e diversidade de formas de vida, ainda existem muitas etapas do processo evolutivo para as quais não temos uma resposta cabal. A “Origem da Vida”, o aparecimento de comportamentos “inteligentes” e as formas de comunicação são alguns exemplos mais óbvios.

A Evolução Artificial (EA) é um ramo que emergiu da computação biológica, tendo como objectivos a compreensão dos princípios da evolução biológica e o desenvolvimento de ferramentas de optimização (ou adaptação). As ferramentas de optimização também denominadas Algoritmos Evolutivos (AE) têm obtido grande sucesso nos chamados problemas difíceis (“hard”) de optimização em que os métodos clássicos não tiveram grandes resultados.

Esta palestra versa as duas vertentes da EA através de exemplos do foro científico e artístico:

O Polyworld|Gaia é uma simulação duma pequena etapa do caminho da evolução onde o objectivo principal é a tentativa de estudar as condições que possam resultar na “emergência” ou surgimento de comportamentos específicos ou “inteligentes” em criaturas artificiais muito simples.

O LAIS-SIA é um simulador do Sistema Imunitario Artificial baseado em Agentes cujo objectivo é uma tentativa de simulação do sistema imunitario humano in silico com o maior realismo possivel. O sistema imunitario é um sistema relativamente complexo, onde intervêm muitos “actores e mediadores” com variadas interacções variantes no tempo. A modelação na perspectiva do agente centra-se nos “actores” modelando as suas propriedades e comportamentos, criando um ambiente virtual onde estes interagem. Um resultado interessante foi obtido com a simulação da Influenza A.

O Aedes Aegypti é um mosquito que transmite o dengue com grandes surtos frequentes no Brasil e Malásia, e que na forma hemorrágica é muitas vezes fatal. O LAIS-Aedes é um simulador de dinâmica populacional do mosquito interagindo entre si e com e uma área populacional virtual formado por fontes de água e pessoas. O objectivo é o estudo da eficácia de diferentes métodos de combate ao mosquito e consequentemente da doença, nomeadamente o método conhecido como “Sterile Insect Technique” (SIT).

Pherografia é um termo proposto por Carlos Fernandes designando uma forma artística que consiste na visualização dos rastros de feromona deixados por uma colónia de formigas artificiais sobre um habitat 2.5 D, i.e. um espaço bidimensional cujos elementos têm valores associados.

Pangea é um projecto de composição musical usando melodias geradas por Algoritmos Genéticos (uma variante dos AE) onde as melodias a várias vozes e estilos são optimizadas/adaptadas segundo uma teoria musical.


[Mais informação aqui.]

17.2.09

especulativa no Twitter




especulativa no twitter

Ainda nem sei bem como isto se explora, mas tem uma grande vantagem: só deixa fazer intervenções curtas!!!

11.2.09

Das Sociedades Humanas às Sociedades Artificiais (edição 2009)

(Clicar amplia)


DAS SOCIEDADES HUMANAS ÀS SOCIEDADES ARTIFICIAIS
Ciclo de Conferências – Edição 2009
Programa

Sessão de 26 de Fevereiro

“Darwinismo Artificial. Evolução Artificial: Arte e Ciência”
Conferencista: Agostinho Rosa, ISR/IST

“Filhotes de robot? Desenvolvimento pós-natal artificial”
Conferencista: José Santos-Victor, ISR/IST

“Mundos de sentido: no natural e no artificial”
Conferencista: Isabel Ferreira, Doutoramento em Linguística, Universidade de Lisboa



Sessão de 11 de Março

“O Papel da Selecção Natural de Darwin em Heterarquias Biológicas e Sociais”
Conferencista: Luís M. Rocha, Indiana University (School of Informatics and Cognitive Science Program), Instituto Gulbenkian de Ciência


“Decision theoretic and game theoretic approaches to decision making in collectives”
Conferencista: Matthijs Spaan , ISR/IST

“Emoções, uma ponte entre a natureza e a sociedade?”
Conferencista: Rodrigo Ventura , ISR/IST



Sessão de 26 de Março

“A Escolha, Apesar da Dificuldade”
Conferencista: Ana Costa, DINÂMIA - Centro de Estudos sobre a Mudança Económica, ISCTE

“Vida Institucional Artificial”
Conferencista: Porfírio Silva, ISR/IST

“A Inspiração Pluridisciplinar na Robótica Colectiva”
Conferencista: Pedro Lima, ISR/IST


Todas as sessões às 14:30
no Anfiteatro do Complexo Interdisciplinar
Instituto Superior Técnico (Alameda)
Entrada Livre
Mais informação no sítio das conferências.

certos pecados da igreja


Igreja pode apelar ao voto contra partidos que apoiam casamento entre homossexuais.

Reacção a posição da igreja católica sobre casamento homossexual. Santos Silva apela ao bom senso para que se separe voto e filiação religiosa.

Censos de 2011 vão equiparar uniões de casais homossexuais a núcleos familiares.


Acho que estão errados aqueles que entendem que as igrejas, a católica ou outras, não devem intervir na vida política do país. As igrejas não são colecções de anjos (nem de demónios, que são anjos caídos), são colectivos de pessoas. E, se esperamos que haja cidadania, acho que não devemos excluir ninguém, nem nenhuma organização, dessa cidadania plena. E as igrejas não têm menos interesse, aí, do que outras instituições; e os crentes não devem ter menos direitos, enquanto crentes, do que os outros.
O meu problema nestas tomadas de posição da Igreja Católica Apostólica Romana (ICAR) é que a forma do pronunciamento é reveladora. A hierarquia da ICAR não opta por suscitar as questões de princípio, lembrar os seus parâmetros, e esperar (ou apelar) a que os fiéis pensem nisso responsavelmente, contando as inúmeras questões que podem pesar num voto e que não podem todas ser satisfeitas optimamente. Porque as questões são muitas e o voto é único. A hierarquia da ICAR tem a enorme tentação de pensar pelos outros, de dar a receita aos fiéis: quase quase quase diz onde colocar e onde não colocar a cruzinha. Trata os cidadãos católicos como atrasados mentais, como marionetas das suas prédicas. Como se acabassem de descobrir "O" tema de vida ou de morte que tem, nas próximas eleições, de ser bem decidido a favor ou contra a condenação absoluta ou a salvação absoluta do mundo.
Desse modo, mostra duas faces negras ao mesmo tempo: mostra falta de respeito pelos católicos, e por todos quantos se interessam pela palavra da Igreja; mostra a concepção simplista, maniqueísta até, que tem do mundo. O que, nos tempos que correm, é pecado grave. Digo eu, a quem Deus não inspirou para dizer estas coisas.

10.2.09

citações: o medo

a vida dos ideólogos, a vida das pessoas


Debate em Itália sobre caso de coma prolongado. Berlusconi acusa Presidente italiano de “grave erro” por morte de Eluana.


Aqueles que usam o sofrimento humano como expediente político, merecem desprezo. É o caso de Berlusconi, que faz do problema da vida um episódio de identificação agressiva: juntar a sua tribo político à custa de uma pessoa que querem desqualificar em mera bandeira.
Aqueles que falam de dignidade humana em termos de princípios gerais, mas são cegos frente a seres humanos concretos cuja "vida" já não lhes está associada à sua dignidade, e continuam a agir como ideólogos para quem as pessoas só valem como instâncias dos seus programas - esses merecem o nosso repúdio. É o caso do Papa neste caso. Porque a religião não devia ser, tanto como tem sido, mais uma ideologia a querer valer mais do que as pessoas. E nisso o catolicismo oficial não desmerece dos pecados dos fundamentalismos de outras religiões.



circular na baixa de lisboa nos próximos meses



9.2.09

epistemologia da percepção



(Clicar amplia. Cartoon de Marc S.)

o bloco de esquerda lateral


Parece que o BE vai ter um programa de governo. Talvez para que pareça estar disposto a assumir as responsabilidades da governação. Mas isso é enganador. Se tem um programa de governo que só aceite levar à prática na sua integralidade, precisa de maioria absoluta. Que não vai ter. Se tem um programa de governo que aceita conjugar com outras propostas de programa de governo, para governar efectivamente - tem de negociar. Mas não parece disposto a isso, porque fala para toda a gente como se os demais estivessem na obrigação de levar o BE ao trono. Não quer nada com o PS, porque o PS é o mal absoluto. Finge querer algo com o PCP, mas o que deseja é humilhar o PCP. Quer coisas com Alegre e Roseta e este e aquele - enquanto esses lhe fizerem o jogo: mas fugirão a sete pés se "esses" decidirem ter a sua própria "barraquinha".
Quer dizer: o BE está apenas a querer crescer eleitoralmente. À custa do resto da esquerda. O que é legítimo. Mas não está à procura de uma solução de governo à esquerda. Porque governar dói. Dói eleitoralmente. Governar em tempos difíceis daria muitas dores à arrogância do Professor Louçã. E isso ele não toleraria.

7.2.09

o algodão não mente


Sobre o caso Freeport, escrevi aqui a 29 de Janeiro: «Depois do que a imprensa publicou, não vejo alternativas: de algum modo, Sócrates devia possibilitar o escrutínio das suas contas para matar a suspeição Freeport. (...) Se se encontrar lá o dinheiro sujo, o homem tem de ir embora. Se não se encontrar, outros terão de extrair as consequências.»
Eu alinhava, portanto, no pressuposto de que havia mesmo dinheiro cuja falta, suspeita, carecia de ser explicada.
A Visão desta semana informa:
«Desde que o caso Freeport (...) voltou a ocupar o topo da actualidade (...) muitas foram as informações díspares e desencontradas que vieram a lume. Uma, porém, foi sempre assinalada como sendo à prova de bala: a de que a investigação do SFO [Serious Fraud Office] teria sido iniciada depois de, em 2007, o grupo Carlyle ter detectado, ao comprar o outlet, um buraco nas contas do Freeport PLC. (...) Mas o certo é que até esta alegação pode estar comprometida, já que um porta-voz autorizado do grupo Carlyle afirmou ao jornal britânico Daily Mail que uma "investigação técnica independente" das contas do grupo não encontrou qualquer indício das alegações de suborno e corrupção. (...) [Afirmou ACV] porta-voz do grupo em Portugal: "As nossas contas foram auditadas e nelas não se encontrou nenhum money missing [dinheiro em falta] nem nenhum black hole [buraco negro] (...).»

Afinal, se calhar até a pista do "procurem o dinheiro" passa de (mais uma) falsa existência...

Freeport: Notícias envolvendo magistrados permitem "clima perverso de suspeições institucionais"

economia de planeamento central estatal?


Freeport: Falta esclarecer as razões que motivaram a aprovação do Governo, diz Joanaz de Mello.

No meu entendimento, as leis de protecção ambiental são aplicadas para evitar que se desequilibre seriamente a relação sustentável entre os humanos e o resto da natureza. E essa aplicação faz-se dando aos poderes competentes o dever de impedir que se concretizem projectos que firam, nos termos da lei, esse equilíbrio.
Como se faz isso? Se alguém, legitimamente, quer construir algo, as "autoridades ambientais" julgam se, à luz da lei, deve ser autorizado ou não. Ou sim, mas com condições.
Agora, a ideia de que as "autoridades ambientais" é que têm de querer que algo se construa, é inverter completamente os papéis. Eu comprei um terreno, quero fazer qualquer coisa de útil (para mim, para a minha terra, para o emprego, para a economia, ...) com ele, e apresento o projecto de acordo com a lei. Tenho de esperar que o Ministro queira, deseje, adore, aprecie, ame o meu projecto? Ou apenas esse tal Ministro tem de garantir que a lei se aplique de forma razoável, mesmo que não morra de amores pela minha iniciativa?
Uma certa espécie de ambientalistas continua a sonhar com a possibilidade de serem os novos polícias da sociedade. Um Grande Irmão com droit de regard sobre este mundo e o outro. Uma espécie de economia de planificação central segundo as preferências dos ambientalistas organizados. E os "promotores privados" (diabolizados de novo) teriam talvez de dirigir-se antes de mais ao Ministro da pasta a saber do seu interesse por esta ou aquela iniciativa? Ou teriam antes de mais de pedir audiências aos dirigentes das associações ambientalistas, transformadas em Comité Central do politicamente correcto?
É segundo estas linhas que prossegue a grande operação de inversão do ónus da prova no caso Freeport. Com alguns "intelectuais" e "ambientalistas" a colaborar na manobra, só porque isso reforça o politicamente correcto ambientalês.

6.2.09

o medo, os socialistas - e ainda os falsificadores


Anda por aí um grande alarido porque Edmundo Pedro, fundador do PS, falou na existência de medo nesse partido. E um coro enorme de falsificadores tratou logo de colocar na boca de Edmundo Pedro aquilo que ele não disse. (Sei bem o que Edmundo Pedro, e os demais, disseram nessa ocasião: por acaso até fui eu que moderei o debate que motivou todo esse escarcéu.) Mas esses falsificadores podem saber, se o quiserem saber, que são falsificadores - porque Edmundo Pedro teve a oportunidade de plasmar nas páginas de um jornal (o Público de hoje) o seu ponto de vista - desta vez não censurado, porque ele tinha sido censurado por aqueles que descontextualizaram e truncaram a sua intervenção.
Afirma Edmundo Pedro (p. 8 do Público de hoje, repito para os que nunca encontram aquilo que não lhes interessa):
«As minhas afirmações foram descontextualizadas e isso deixa-me indignado. Uma frase dessas dá a ideia de que é um partido do medo e o PS é um partido de homens e mulheres livres. Mas é verdade que houve casos isolados de pessoas, sobretudo ligadas às autarquias, que me disseram estar com a moção [que subscreve] mas não a assinavam porque devido à sua posição tinham algum receio. Isto não quer dizer que o receio seja difundido pela direcção, nunca vi sinal nenhum disso. E não se pode generalizar: é um velho reflexo da sociedade portuguesa, não é do PS. As pessoas têm muitas vezes alguma dificuldade e receio em tomar posições ou ser frontais.»
E ainda:
«É verdade que o partido não é hoje o que era há 30 anos, quando era um partido de militância e causas. Há uma desertificação ideológica, mas isso acontece com todos. Há muita gente que vai para os partidos só com a intenção de subir, de se aproveitar, de ter um lugar. Nos partidos à direita do PS, é até mais evidente.»

Pode gostar-se ou não das declarações deste ou daquele senhor-camarada-ministro. Há coisas que não vão com o meu modo de ser. Não gosto de discussões centradas em refrões de feira. (Nem do sempre pronto a baralhar sem dar nada de novo, de seu nome Lello.) Mas não não acredito que um partido democrático possa viver com medos das discordâncias (grandes ou pequenas) no seu seio. E acho risível que haja jornalistas que desconhecem o facto de um grande partido democrático não ser propriamente um coro de freiras. Talvez por certos directores de jornais ainda serem demasiado marxistas-leninistas-qualquercoisistas é que alguma imprensa "de referência" vê telenovelas onde apenas há... vida. Ainda. Malgré tout.


chamem a dona amélia


Miguel Portas: PSD tem tantas hipóteses de governar como o Bloco de Esquerda.

Segundo um dos principais dirigentes do BE, o PSD não pode ganhar as eleições. O próprio BE também não. Suponho que isso queira dizer que... ninguém pode ganhar as eleições. Excepto, talvez, o PS. Mas o BE deve rejeitar qualquer coligação de esquerda para formar governo. E, a bem da coerência, devia abominar que o PS fizesse acordos com a direita: ou o BE quer, anseia, pede uma governo mais à direita do que o PS? Ou o BE quer simplesmente que não haja governo? É o supremo delírio da esquerda que se quer irrelevante. Que não se acha sequer com a responsabilidade de fingir que quer assumir responsabilidades.
(Claro que o BE apenas quer dizer aos eleitores de esquerda que não precisam de votar PS para evitar a vitória do PSD. Mas, para isso, tem de mostrar que se sente bem... apenas a dizer mal. O que, aliás, sendo o desporto nacional, deve render.)


compostagem (tudo para salvar o planeta)



Tudo para salvar o planeta.
(Clicar amplia. Cartoon de Marc S.)

5.2.09

começar mal o dia


A ver um suposto imigrante indocumentado ser detectado por viajar de autocarro sem título de transporte válido. Com todo o oceano de coisas que isso pode significar. Ou não.

2.2.09

voluntariado ?!?!?!?!


Educação: Ministério quer recrutar professores reformados para trabalho voluntário nas escolas.


«O Ministério da Educação (ME) pretende recrutar professores reformados para, em regime de voluntariado, colaborarem no apoio aos alunos nas salas de estudo, em projectos escolares ou no funcionamento das bibliotecas, entre outras actividades.»

Já vai, por essa blogosfera fora, um enorme coro de indignação por causa da proposta do voluntariado. Muitos escrevem como se fosse um enorme insulto e desconsideração.
Será possível que gente tão educada desconheça a realidade do voluntariado em inúmeros sectores da sociedade portuguesa, e até mais em outros países mais desenvolvidos (e por isso mesmo)? Que desconheçam o valor e o significado dessa prática, e quão importante ela é para a realização pessoal de tanta gente, especialmente dos mais qualificados? Tanta ignorância e primarismo até faz pena.

afinal no PS também falam destas coisas?


A Relevância da Esquerda num Mundo de Desafios
(título de um debate entre as moções globais ao Congresso do PS
organizado pelo Clube de Reflexão Política "A Linha")

(Clicar para ampliar)

1.2.09

o homem novo e a moral revolucionária


Freeport: Jerónimo quer que Cavaco descodifique expressão “assunto de Estado”.


O PCP hesita entre a sua velha "moral comunista" e associar-se ao linchamento de Sócrates. Parece ponderar os ganhos de fazer de conta que não percebe que não é a justiça que está em questão, mas a manipulação dessa mesma justiça. Se calhar Jerónimo já se esqueceu de como deu mau resultado aquela jogada "de esquerda" que, aqui há uns anos atrás, tentou entalar Sá Carneiro por ele ter uma relação extra-marital (viver com Snu sem ser casado com ela) sendo católico. Enfim, sinal dos tempos.

educação, uma avaliação (again)


Está no site da OCDE: o tal relatório sobre avaliação de políticas de valorização do Ensino Básico em Portugal, que parecia ser da OCDE, mas não era da OCDE, e que por isso foi tratado por muitos como se fosse uma folha de couve escrita pela Lurdinhas às escondidas, é na realidade um relatório que a OCDE diz que foi feito segundo uma abordagem similar à que a própria OCDE usa nas suas avaliações das políticas de educação ("the authors used an approach similar to that used by the OECD in assessing education policies over a number of years", lê-se no tal site).

Deborah Roseveare, Chefe da Divisão das Políticas de Educação e Formação, Direcção para a Educação da OCDE, escreve no Prefácio ao Relatório:
«Portugal pôs em prática, desde 2005, um conjunto ambicioso de medidas para melhorar as condições de ensino e aprendizagem nos primeiros quatro anos de escolaridade obrigatória, que correspondem ao primeiro ciclo do ensino básico. Estas reformas têm sido abrangentes e a forma como têm sido planeadas tem posto em evidência aquilo que constitui boas práticas noutros países e as lições aprendidas noutros lugares. Contudo, foram cuidadosamente adaptadas ao contexto português, para responder às prioridades e aos desafios próprios do país.»

São uns vendidos, estes tipos da OCDE. Foram de certeza todos nomeados pela Maria de Lurdes. Os comentadores portugueses é que os topam...

(Em homenagem ao JMD e ao seu COGIR.)

jóias raras: portugueses de topo



Gestor judicial da Qimonda encontra-se amanhã com ministro da Economia.

A crise avança. E pergunta-se "o que fazer". Enfim: perguntam-se, alguns. Outros preferem entreter-nos/se com outras coisas.

Assim na "Europa".

Enquanto a França esteve a presidir ao Conselho Europeu, a actividade febril de Sarkozy fazia com que desse a ideia de que a UE se estava a mexer. Até o presidente da Comissão Europeia, o português José Manuel, parecia andar a fazer qualquer coisa para que a Europa enfrentasse a crise. Mas se calhar estava só a tentar não ficar de fora da fotografia. Agora, com os checos mais a tentarem entender-se uns aos outros do que a tentarem presidir ao que quer que seja na UE, nota-se muito mais o vazio. Barroso parece estar apenas interessado na renovação do seu mandato - muito mais interessado nisso do que em saber o que pode fazer de útil com esse mandato. E isso começa a notar-se. E a Europa aqui tão perto.

Paris s'inquiète de la fragilité de la zone euro.

Spéculations à Bruxelles autour de José Manuel Barroso.


Não, os media não têm culpa nenhuma...