A direcção do PS andou mal ao declarar apoio a uma moção de censura do PCP que trata todos os governos constitucionais da democracia abrilista como malfeitores e que pretende a saída do euro. Esse voto a favor seria uma tolice política, mas, enfim, cada partido tem direito às burrices que bem entenda.
Agora, que se desprezem as instituições democráticas, já me parece inadmissível. O SG do PS faltar ao debate da moção de censura, um dos actos mais importantes da prática parlamentar, constitui uma falta de respeito pelo partido censurante, pelo governo do país e pelo próprio parlamento. Se criticamos o populismo, não podemos ir ainda mais longe do que os populistas no aviltamento das formas que a democracia toma no concreto. Nem o PCP, partido revolucionário para quem a democracia representativa é um mal menor, se permite faltar ao respeito à Assembleia da República, como fez hoje António José Seguro, líder do maior partido da oposição. Proceder assim e depois encher a boca com críticas aos populismos...