19.5.14

Cristóvão Colombo e Jean-Claude Juncker.


Jean-Claude Juncker, candidato do PPE a presidente da Comissão Europeia, estando em Portugal com os seus correligionártios do PSD e CDS, terá querido fazer umas graças (as campanhas parece que pedem graças) e terá escolhido adoptar circunstancialmente a teoria (que outros levam a sério) segundo a qual Cristóvão Colombo era, afinal, português.
A "teoria" teria a seguinte explicação: Colombo "partia nunca sabendo para onde ia e, quando chegava, nunca sabia onde estava". Enfim, se era para os portugueses acharem piada, deixo a intérpretes mais doutos do que eu a explicação do motivo para se pensar que nós devamos gostar que nos tratem assim. Mas, enfim, haverá quem ache que, se votamos nestes partidos que nos governam, deve ser por gostarmos que nos tratem assim.
Entretanto, mais interessante, Juncker continua a sua teoria dizendo, ainda na chacota com Colombo, que "era o contribuinte que pagava a viagem”.
Pois, se a malta que, tirando a tropa, a polícia, os tribunais e pouco mais, diz mal de qualquer acção do Estado, estivesse lá para decidir, não tinha havido descobertas para ninguém - porque nada teria começado sem o Estado e não seriam os privados a meter-se por sua conta e risco no arranque dos descobrimentos. Como ainda acontece hoje em dia. E como alguns continuam a querer esquecer.
Mas, enfim, Colombo ainda nos lembramos dele - e é pouco provável que daqui a outro tanto tempo ainda alguém se lembre do próximo presidente da Comissão Europeia. Seja Juncker ou outro - e eu até não regateio alguma simpatia por Juncker, embora me pareça mau para a Europa e para Portugal que os seus amigos vençam as eleições europeias.
Às vezes as graças eleitorais até merecem mais reflexão do que pretendiam os seus autores.