Hoje de manhã "partilhei" (no Facebook) a notícia "Barroso interrompido quando discursava em Berlim" com este comentário: "Boas notícias vindas da Alemanha. Barroso interrompido quando discursava em Berlim."
No Twitter alguém respondeu: "sim, ficamos a saber que nas universidades alemãs também há palermas que gostam de interromper os outros. Não é só cá."
Ora bem. Talvez alguns se lembrem que sempre me pronunciei contras as grandoladas sistemáticas, que em certa altura estiveram muito na moda contra ministros deste governo. E também escrevi detalhadamente contra as invasões de galerias no parlamento. Portanto, não tenho muitas explicações a dar quanto ao meu apego à liberdade de expressão de todos os agentes políticos, avesso como sou a métodos que parecem populares mas são facilmente manipuláveis.
Então, estive incoerente? Devo penitenciar-me? Não me parece. Por duas razões.
Primeira: sou contra a perseguição sistemática de pessoas ou de órgãos visando intimidar e evitar que saiam da toca para exercer as suas funções, ou provocar uma perturbação habitual do funcionamento de qualquer órgão. Mas não me parece que estivesse em causa isso neste caso.
Segunda: respeito pede respeito - e Barroso, em período pré-eleições europeias, está a agir como candidato, que não é, para alindar a imagem dos que pensam como ele. E está a fazer isso na Europa e em Portugal. Portanto, a meu ver, neste caso, quem está a abusar é mesmo Barroso. Veja-se, por exemplo, aquela conferência do BCE prevista para começar em Portugal no próprio dia das eleições europeias. É um abuso, uma interferência - e espero que, se a conferência for avante nesses moldes, alguém organize um boicote. O que é demais é demais. A certo ponto, o único modo de fazer ver isso a estes tipos, que funcionam sem escrúpulo democrático, é tratá-los com as mesmas armas.
A candura também cansa.