Um bispo critica o governo.
Muitos aplaudem: por ser um bispo, como se ser bispo lhe desse mais sabedoria, ou mais autoridade - mesmo quando alguns dos que aplaudem as palavras critiquem que um bispo possa fazer tais declarações.
Acho que um bispo não pode ser impedido de fazer declarações políticas, seja a título pessoal seja como membro ou representante da Igreja. Ao mesmo tempo duvido que seja apropriado para um bispo fazer declarações do tipo "PPC faz lembrar Salazar", porque espero que membros de uma Igreja que se reclama de estar acima da vida política sejam capazes de falar do essencial e evitar as picardias. Não respeitei os padres que usavam o altar para apelar contra o voto no PCP, não apoio a entrada na luta política menor e esperava que os bispos falassem só de coisas sérias e sem entrar na politiquice. E isto nem sequer quer dizer que eu discorde do que o bispo disse.
Depois um jornal vem publicitar quanto ganha o bispo. Trata-se de uma forma miserável de atacar quem fez uma declaração política - e espanto por haver quem apoie a atitude do jornal. O bispo ganha aquilo que cabe à sua posição profissional (incluindo o seu trabalho nas forças armadas): deveria ele prescindir? Ganha 8 ou 9 salários mínimos; fico à espera que o mesmo jornal faça manchetes com toda a gente que ganha mais do que isso neste país. Mas o bispo não ganha nenhuma fortuna, ser bispo não o condena a ser pobre (parece que há quem julgue que ser de uma igreja implica um voto de pobreza; se calhar também acham que ser comunista, ou mesmo de esquerda, implica um voto de pobreza).
Contudo o ataque funciona pela razão simples de haver muita gente disposta a explorar a pobreza deste país, tanto a pobreza material (uns 3 ou 4 mil euros por mês parecem suficientes para ser tratado como um explorador do povo) como a pobreza espiritual (a inveja por qualquer um que seja mais do que eu, sem querer saber dos méritos relativos, do esforço e de muitas outras diferenças que merecem crédito). A maior pobreza espiritual, de qualquer modo, está em sermos tolerantes com uma imprensa que cria alvos desta maneira para tentar intimidar quem critica. E dessa forma de pobreza somos participantes quando arranjamos qualquer desculpa que seja para dourar o comportamento dessa imprensa.
Muitos aplaudem: por ser um bispo, como se ser bispo lhe desse mais sabedoria, ou mais autoridade - mesmo quando alguns dos que aplaudem as palavras critiquem que um bispo possa fazer tais declarações.
Acho que um bispo não pode ser impedido de fazer declarações políticas, seja a título pessoal seja como membro ou representante da Igreja. Ao mesmo tempo duvido que seja apropriado para um bispo fazer declarações do tipo "PPC faz lembrar Salazar", porque espero que membros de uma Igreja que se reclama de estar acima da vida política sejam capazes de falar do essencial e evitar as picardias. Não respeitei os padres que usavam o altar para apelar contra o voto no PCP, não apoio a entrada na luta política menor e esperava que os bispos falassem só de coisas sérias e sem entrar na politiquice. E isto nem sequer quer dizer que eu discorde do que o bispo disse.
Depois um jornal vem publicitar quanto ganha o bispo. Trata-se de uma forma miserável de atacar quem fez uma declaração política - e espanto por haver quem apoie a atitude do jornal. O bispo ganha aquilo que cabe à sua posição profissional (incluindo o seu trabalho nas forças armadas): deveria ele prescindir? Ganha 8 ou 9 salários mínimos; fico à espera que o mesmo jornal faça manchetes com toda a gente que ganha mais do que isso neste país. Mas o bispo não ganha nenhuma fortuna, ser bispo não o condena a ser pobre (parece que há quem julgue que ser de uma igreja implica um voto de pobreza; se calhar também acham que ser comunista, ou mesmo de esquerda, implica um voto de pobreza).
Contudo o ataque funciona pela razão simples de haver muita gente disposta a explorar a pobreza deste país, tanto a pobreza material (uns 3 ou 4 mil euros por mês parecem suficientes para ser tratado como um explorador do povo) como a pobreza espiritual (a inveja por qualquer um que seja mais do que eu, sem querer saber dos méritos relativos, do esforço e de muitas outras diferenças que merecem crédito). A maior pobreza espiritual, de qualquer modo, está em sermos tolerantes com uma imprensa que cria alvos desta maneira para tentar intimidar quem critica. E dessa forma de pobreza somos participantes quando arranjamos qualquer desculpa que seja para dourar o comportamento dessa imprensa.