Valor dos apoios aos doutoramentos no estrangeiro vai ser cortado em 60%.
A "pérola" melhor é esta: «os bolseiros são aconselhados a procurar formas do co-finaciamento para as propinas juntos dos laboratórios ou centros de investigação de acolhimento, informa o organismo tutelado pelo Ministério da Ciência e Tecnologia.»
Exacto. O país dos investigadores portugueses não os apoia para eles se internacionalizarem, mas aconselha os portugueses a pedirem aos outros que paguem para nós para lá irmos. É tipo este "raciocínio" assim: qualquer universidade estrangeira há-de querer pagar para ter lá um espécime de investigador português; vai passar a ser tão exótico ter um dos novos pobres da Europa na equipa! Ter um bolseiro português vai passar a ser mais da moda do que ter um macaquinho ou um pássaro, coisa rara e quase nunca vista desde que estas (des)orientações (e outras do mesmo pacote) entrem em vigor. Investigadores portugueses passarão a ser exibidos em circos e feiras (científicas, claro) para mostrar que o governo de Portugal não conseguiu acabar com a espécie, apesar do programa traçado para o efeito. Aliás, dar bolsas a investigadores portugueses que deixaram de ser prioritários para o governo de Portugal vai passar, em países desenvolvidos, a entrar na rubrica orçamental "ajuda ao desenvolvimento", o que é conveniente para compor a imagem internacional desses países. E se alguém não conseguir entrar no lote das raridades, será por lhe faltarem capacidades empreendedoras: querer ser bom investigador sem ser capaz de se vender como carninha da boa no mercado internacional dos cérebros? Estultícia!
(É difícil fazer, fácil desfazer, dificílimo refazer.)