16.2.11

a equação da esquerda


Estava ali a tomar café ao balcão e um canal de televisão anunciava para hoje um programa sobre Mário Soares, "Soares é fixe!", palavra de ordem de uma campanha presidencial. E fiquei a pensar que a minha equação da esquerda continua a ser o conjunto das fases da vida desse homem: resistências várias, governação, voltar a querer mudar o mundo no sentido de mais justiça e mais liberdade. Nunca fui aquilo que pelas bandas do PS se chama um "soarista" (bem pelo contrário), mas Soares representa, por atacado, todos os ingredientes que a esquerda precisa para a sua receita. E precisa de todos os ingredientes ao mesmo tempo, não uma parte do cozinhado de cada vez, consoante a época. (Isso é, aliás, o que há a criticar a Soares: teve fases, foi muito dominado pelo objectivo estratégico central em cada momento, às vezes esquecendo o que não estava no ecrã principal em dada altura.) É essa esquerda plural, crítica e transformadora mas que ousa governar, que nos faz falta. É esse o meu critério para escolher os meus espaços: a dinâmica da mudança na ecologia da diversidade.