Única, a revista do Expresso, ao número 1994 (deste fim-de-semana) dedica-se ao tema CHEFE. Uma das peças é uma espécie de "manual de sobrevivência para 10 tipos de chefes" que podemos encontrar nas empresas. Para cada tipo de chefe é dado um retrato-robô e umas instruções para lidar com o robô em causa.
A última categoria de chefe a ser descrita é o "engatatão". O "manual de sobrevivência" para este caso reza assim: "Tenha cautela. Não se deixe envolver e clarifique que não está disposta a entrar no jogo. Se, contudo, considera que pode obter benefícios (mesmo não concretizando a vontade de quem manda), procure manter a chama acesa sem ser demasiado explícita/o." (ênfase nossa)
Para lá das óbvias hesitações acerca do género gramatical a usar em tão magnificente conselho (numa ocorrência, o conselho parece ser só para mulheres; noutra ocorrência usa-se um "a/o" para alargar o campo), ficamos a saber que Joana Madeira Pereira, a autora do texto, deixa em aberto a possibilidade de lidar com situações - que muitas vezes são de assédio - com a técnica de "manter a chama acesa". Alimentar a situação, portanto.
É demasiada leviandade não perceber que todas as técnicas da família do "subir na horizontal" não deviam ser matéria para graçola, já que configuram perigo real para as pessoas envolvidas. Será muito difícil perceber isto?