3.2.08

Ricardo Salgado, espião socialista... ou será presidente do BES?

É raro, neste espaço, darmos atenção continuada a assuntos políticos. É que se a política nos interessa, porque não andamos completamente alheios à condição de cidadãos, também não achamos que haja normalmente muito a observar pela nossa pena. Isso quer dizer que deve ser encarado como completamente extraordinário que tenhamos insistido tanto no assunto das eleições da nova liderança do BCP. Escrevemos aqui nas seguintes ocasiões: a 23 de Dezembro, a 26 de Dezembro, a 27 de Dezembro, e outra vez nessa data, a 28 de Dezembro, a 14 de Janeiro, a 15 de Janeiro.

Porquê toda esta insistência ? Principalmente por a campanha desenvolvida por determinados sectores, e o facto de ela ser servida por certos órgãos de comunicação social, mostrar até que ponto certos jornais se prestam à mais irracional manipulação da opinião pública. É o caso do jornal de Belmiro, desde que este perdeu algo que queria ganhar em termos económicos e culpou o governo de Sócrates por isso.
Ora, muitas vezes, só retrospectivamente é que chegam os testemunhos que, passado o fragor da batalha, mostram com grande nitidez até que ponto certas "campanhas" eram isso mesmo: meras campanhas de intoxicação da opinião pública.

A propósito dos disparates que se escreveram por o (então candidato a) líder do BCP ser socialista, e por levar consigo um determinado administrador, vale a pena ouvir o que disse ontem o presidente do BES, Ricardo Salgado, ao caderno de Economia do Expresso. Reproduzimos um pequeno excerto:
«Pergunta: O que pensa de os administradores da CGD terem passado directamente para a administração do BCP?
Resposta: Nós, banqueiros, temos todos os dias transferências de quadros de uns bancos para os outros. Não há nada que impeça isso. Santos Ferreira vai ter muito com que se preocupar dentro do banco. O BCP não podia estar em melhores mãos. (...)
Pergunta: Acredita que não houve interferências políticas na composição da nova administração do BCP?
Resposta: Não. Não acredito que os accionistas tivessem sido obrigados a aprovar esta gestão por quem quer que fosse.
Pergunta: Fala-se que Armando Vara pode funcionar como comissário político...
Resposta: Não faço comentários desse tipo. Carlos Santos Ferreira escolheu a equipa e escolheu bem. Este país vive muito de interpretações políticas.»

Fim de citação.