14.1.08

Pérolas...

... logo duas, no Expresso de sábado passado:

(1) Na página 5 escreve-se: "Armando Vara tem um lema de vida: ser ambicioso não é brincar com o fogo e trepar na carreira não é correr riscos. Quando trocou Vinhais pelo lugar de deputado na Assembleia da República, não se desvinculou do lugar de bancário que ocupava num balcão transmontano." Certos jornalistas, que provavelmente nunca fizeram nada que os autorize a dar lições acerca do que é correr riscos, parece que confundem carreira profissional com lugares políticos: de outro modo, porque é que alguém havia de deixar o seu lugar de carreira profissional por ir desempenhar um lugar de representação política? Afinal, sempre são a favor dos políticos sem carreira profissional? Vale tudo, pelos vistos, desde que o escriba esteja sentado na redacção lisboeta de um jornal de costas quentes e o criticado tenha vindo de um "balcão transmontano" e tenha singrado na vida.

(2) Na página 7, Miguel Sousa Tavares escreve (só li o destaque): "A liberdade é um assunto de todos e demasiado sério para ser confiado a dois directores-gerais que ninguém elegeu e cuja autoridade para decidir como é que devemos viver não reconheço". Tanta teoria política perigosa em tão poucas palavras! Os directores-gerais deviam ser eleitos? Ou os directores-gerais deviam ser servos dos eleitos, em vez de cumprirem e fazerem cumprir a lei? Ou o que MST escreve significa apenas que toda a organização, incluindo o Estado, devia ser banida - uma vez que para que exista organização tem de existir sempre quem desempenhe funções por incumbência do colectivo? O que MST defende é um regime de "sovietes", comités em que cada "bairro" ou "profissão" decide o que fazer? Pelos vistos MST conta-se entre aqueles que até não se importam que existam más leis, desde que não se cumpram. Porque quando a administração faz cumprir a lei, coisa que é o seu trabalho, o que se culpa são os "servidores do Estado" que fazem o que lhes compete. Porque, é claro, é muito mais apetecível um país de bandalheira em que cada um cumpre as leis que lhe caem no goto, e só essas.