Andamos, apoiados em Geoffrey M. Hodgson, a recensear a crítica institucionalista à teoria económica neoclássica. Estamos a organizar esse material em três pontos:
Primeiro, uma crítica do individualismo metodológico;
Segundo, uma crítica da hipótese da maximização;
Terceiro, uma crítica do conceito racionalista de acção.
Hoje chegamos ao terceiro ponto.
Terceiro, temos uma crítica do conceito racionalista de acção (Hodgson 1988: capítulo 5).
Primeiro, uma crítica do individualismo metodológico;
Segundo, uma crítica da hipótese da maximização;
Terceiro, uma crítica do conceito racionalista de acção.
Hoje chegamos ao terceiro ponto.
Terceiro, temos uma crítica do conceito racionalista de acção (Hodgson 1988: capítulo 5).
Nem toda a acção relevante em economia é dominada pelo cálculo racional: há acções relevantes em economia que surgem de maneira diferente. Há processos mentais inconscientes e subconscientes que influenciam a acção (se todo o comportamento relevante para a economia fosse estritamente racional não existiria, por exemplo, a publicidade tal como a conhecemos, apelando a dimensões simbólicas). Na própria percepção há processos computacionais inconscientes.
A informação não entra em bruto na mente do decisor. Muitos teóricos da economia falam como se a informação fosse um fluido indiferenciado de dados sensoriais a entrar na cabeça de um indivíduo. Só que não é isso que acontece: a informação é acedida através de um enquadramento cognitivo afectado pela cultura e pelas instituições. Ora, o nosso aparelho conceptual, que filtra os dados dos sentidos, é formado em interacção com os outros.
É importante, para seres com capacidades computacionais limitadas, que nem todos os processos mentais sejam conscientes e deliberativos, porque isso permite poupar capacidade computacional para aquelas acções que efectivamente são decididas de forma consciente e deliberativa. Uma das formas dessa poupança de capacidade computacional está naqueles níveis de acção em que dependemos de rotinas e hábitos. Crenças, atitudes e valores também orientam a nossa interpretação da realidade. Também a autoridade, que tendemos a aceitar quando a consideramos legítima, tem esse papel. Em parte aceitamos padrões normativos que definem aquilo que as pessoas pensam ser modalidades apropriadas de acção e relacionamento social. O conformismo é uma aceitação generalizada desse mecanismo, mas mesmo o inconformismo em geral não questiona tudo, mas apenas certas regiões de normas. Mesmo o que os economistas referem como o “interesse próprio” de cada um é algo que também é formado socialmente: o que um servo da gleba medieval podia considerar como interesse próprio não coincide com o que um assalariado do século XXI pode considerar como o seu interesse próprio, porque há aí uma dimensão social e histórica.
Os hábitos e as rotinas definem linhas de acção frequentes que não são sujeitas a avaliação racional contínua, que seria incompatível com a fluidez da própria acção; os hábitos e as rotinas podem começar por mera imitação ou também por escolha consciente, podendo também ser abandonadas ou modificadas por verdadeiras decisões. As rotinas, além de pouparem a capacidade computacional disponível, também reduzem a incerteza, na medida em que reconhecemos que os outros agentes também seguem rotinas e se tornam, assim, mais previsíveis.
(continua)