22.4.14

40 anos depois.


40 anos depois do primeiro "25 de Abril" a direita política e partidária aprendeu tudo. Ou melhor, reaprendeu. Basicamente, "tudo" é apenas isto: impor uma noção de "decência" que lhe permite apontar como indecente tudo o que não sirva os seus interesses. E aceitar como decente tudo o que lhe convenha ou faça bom embrulho ao que lhe interessa. Sinal disso é que ninguém, nos estados-maiores dos partidos da direita, se importa muito com as vozes, da mesma direita, que renegam o que PSD e CDS fazem no poder. Por quê? Porque só lhes interessa quem possa dar-lhes ou tirar-lhes poder, não se incomodando muito com "valores". E de que nos queixamos? Quem não tem um grão de culpa neste "pragmatismo" reinante?
Já a esquerda, 40 anos depois, não aprendeu nada. Agitam-se por aí, mais ou menos fora dos holofotes, as pequenas grandes guerras de sempre, as heranças miúdas do PREC. Em vez de se sonharem as revoluções de amanhã, continuamos zangados com as zangas de ontem. Ou, outro olho da mesma doença, só pensamos no dia de hoje.
Eu gostava mesmo era de uma comemoração do 25 de Abril em que os democratas não precisassem de falar do governo do momento. Sim, porque dizer o óbvio sobre o governo de hoje é apenas uma forma de esconder que estamos atarantados quanto ao dia de amanhã.