11.12.13

a Cornucópia atira-se à crise.



Passo a divulgar (parcialmente) uma mensagem que recebi da companhia Teatro da Cornucópia.

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CORNUCÓPIA VAI TRABALHAR COM ACTORES AMADORES E ALUNOS DE TEATRO

Perante as dificuldades que atravessa, vendo sucessivamente reduzido o regular financiamento do Estado, o Teatro da Cornucópia acredita ainda ser possível manter em actividade a sua estrutura, um lugar com características particulares, por num só e mesmo espaço conter afinal todos os instrumentos necessários a sua produção: escritórios, oficinas, espaço de ensaios, preciosa sala de apresentação, não esquecendo os armazéns de guarda-roupa e de cenários recicláveis. Assim, teimosamente e no sentido de não parar, procura encontrar formas novas de viabilizar o seu trabalho de criação de espectáculos.

Pensa conseguir realizar durante o ano e em co-produção com o Teatro Nacional S. João e o Teatro Nacional D. Maria II, uma produção em moldes já anteriormente praticados bem como uma co-produção com o Teatro Municipal S. Luiz, com 9 representações e relacionada com a passagem de 40 anos sobre o 25 de Abril de 1974.

Das verbas disponíveis para estes projectos, já concebidos de forma a se adaptarem as actuais dificuldades de produção, pouco resta para as restantes actividades da temporada.

A Companhia tem a noção de que, se não é a única, é uma das últimas que mantém uma forma de trabalho que se apoia numa estrutura fixa com custos, em que todos os sectores coabitam e trabalham em conjunto na construção de cada espectáculo. E de que, na situação actual, tudo cada vez mais a empurra para outras formas de existência, que correspondem a menos gastos fixos com a estrutura e mais compra de serviços ao exterior.

Mas ainda não desistiu de si própria e, tentando que das dificuldades surjam soluções positivas, vai apostar no trabalho com não profissionais.
São muitas as pessoas que se mostram curiosas pelo trabalho da companhia e pedem para de alguma forma participar. São inúmeros os estudantes de teatro que pedem para estagiar nalgum espectáculo. Não havendo da parte da Companhia nenhum preconceito contra o teatro como actividade puramente lúdica e de natureza cultural, resolveu ela desafiar os seus espectadores para uma situação de troca de serviços, como está a acontecer noutras actividades: contra a possibilidade que a Cornucópia oferece de pessoas não profissionais de teatro actuarem como actores em moldes profissionais e terem a experiencia de um estágio, qualquer pessoa de qualquer idade e formação cultural pode oferecer-se para participar num espectáculo a ensaiar a partir de 2 de Janeiro e com uma exibição pública no Teatro da Cornucópia de duas semanas e meia no inicio de Marco na sua sede. Essas pessoas estarão a prestar um serviço a Companhia através do seu trabalho não remunerado, tornando-se solidárias com a situação que a companhia atravessa, permitindo-lhe que continue a produzir espectáculos, mesmo sem a possibilidade de contratar profissionais.

O espectáculo a ensaiar chamar-se-á ILUSAO, será dirigido por Luis Miguel Cintra com a colaboração de Cristina Reis e da habitual equipa da Cornucópia e será construído a partir de várias pecas, ou esboços, do jovem Federico Garcia Lorca. (escritas entre os 21 e os 24 anos) e só publicadas em 1994.

Os interessados deverão inscrever-se até 16 de Dezembro.