Acerca de dois campos de opinião que, quanto à possibilidade de o Euro ser viável sem estar suportado num Estado-Nação, asseguram uma de duas coisas absolutamente opostas (“Nunca funcionará!” ou “Certamente funcionará!”), Tommaso Padoa-Schioppa escreveu (*):
Inimigos como são, os dois campos compartilham o mesmo artigo principal da fé: que o Estado-nação é e continuará a ser o soberano absoluto dentro das suas fronteiras. Ambos acreditam que as relações internacionais continuarão a basear-se no duplo postulado da homogeneidade interna e da independência externa, um modelo inventado pelo Tratado de Vestfália de 1648. Ora, por um lado, a fortificação da cidadela é impossível, pelo outro, é desnecessária. Ambos falham em ver que nós já vivemos num mundo diferente, no qual o poder político já não pode ser monopolizado por um único titular. Em vez disso, é distribuído ao longo de uma escala vertical que vai desde o municipal ao nacional, do continental ao global. Ambos os campos parecem ignorar que a história é um processo dinâmico impulsionado por contradições.
(*) Financial Times, 13 de Maio de 2010