D. Januário, sendo bispo ou não, tem direito a pronunciar-se sobre a nossa vida comum. Aliás, prefiro os dirigentes da Igreja que metem a mão na vida comum do que aqueles que só tratem da sua vidinha, tipo "eu-e-o-meu-deus-em-privado-diálogo".
Isto não nos impede de discordar do que, em concreto, disse D. Januário. Desta vez disse coisas importantes (sobre certas iniquidades sociais), mas também se meteu por caminhos ínvios, quer em termos substantivos (a acusação genérica de corrupção dirigida ao governo parece-me disparatada), quer em termos de estilo (a agressividade verbal não acrescenta nada de bom ao debate e inflama chamas que já são suficientemente altas).
Outro aspecto da questão é a resposta política dos que não gostaram de ser criticados. Acho que não faz sentido que haja um "bispo das forças armadas" (isto não é o Irão...), mas acho absolutamente tolo que o ministro da Defesa venha dizer que D. Januário tem de optar entre ser bispo da forças armadas ou comentador político. Aguiar Branco, um homem que veste bem mas que abre demasiadas vezes a boca só para mostrar a sua falta de senso, reincidiu no estilo. Primeiro, parece pensar que o direito/dever de opinião está reservado aos "comentadores políticos", uma classe de pessoas a quem os media pagam para falar - o que é, no mínimo, bizarro. Segundo, enceta um estranho diálogo entre o ministro dos militares e um militar (um pouco estranho, mas o capelão militar, D. Januário, tem uma patente militar e tudo). Quem teve a ideia de que o político apropriado para responder a D. Januário seria o ministro "da pasta" mostrou uma total irresponsabilidade. É que cabe perguntar: estaria o ministro a tentar exercer algum tipo de autoridade sobre o bispo para o calar? Esta dúvida merecia ser esclarecida - e se Aguiar Branco não a esclarecer deixa-nos hesitantes acerca das suas condições para ser ministro de uma tal pasta.
Isto não nos impede de discordar do que, em concreto, disse D. Januário. Desta vez disse coisas importantes (sobre certas iniquidades sociais), mas também se meteu por caminhos ínvios, quer em termos substantivos (a acusação genérica de corrupção dirigida ao governo parece-me disparatada), quer em termos de estilo (a agressividade verbal não acrescenta nada de bom ao debate e inflama chamas que já são suficientemente altas).
Outro aspecto da questão é a resposta política dos que não gostaram de ser criticados. Acho que não faz sentido que haja um "bispo das forças armadas" (isto não é o Irão...), mas acho absolutamente tolo que o ministro da Defesa venha dizer que D. Januário tem de optar entre ser bispo da forças armadas ou comentador político. Aguiar Branco, um homem que veste bem mas que abre demasiadas vezes a boca só para mostrar a sua falta de senso, reincidiu no estilo. Primeiro, parece pensar que o direito/dever de opinião está reservado aos "comentadores políticos", uma classe de pessoas a quem os media pagam para falar - o que é, no mínimo, bizarro. Segundo, enceta um estranho diálogo entre o ministro dos militares e um militar (um pouco estranho, mas o capelão militar, D. Januário, tem uma patente militar e tudo). Quem teve a ideia de que o político apropriado para responder a D. Januário seria o ministro "da pasta" mostrou uma total irresponsabilidade. É que cabe perguntar: estaria o ministro a tentar exercer algum tipo de autoridade sobre o bispo para o calar? Esta dúvida merecia ser esclarecida - e se Aguiar Branco não a esclarecer deixa-nos hesitantes acerca das suas condições para ser ministro de uma tal pasta.