12.5.10

desonestidade intelectual


Um tal Carlos Santos escreve no corta-fitas um texto com vários tiques de desonestidade intelectual. (Se é o mesmo Carlos Santos cujos métodos eu vi a funcionar "na minha própria casa", não espanta.)

Desde logo, cita-me em violentação do contexto. Eu escrevi, a propósito de um post da Palmira Silva a convidar ao preenchimento de um formulário para formalizar a apostasia: "confesso que já não há pachorra para esta fixação". O senhor Santos cita-me, enviesadamente, para atacar outro texto de outra pessoa. Espero que as suas citações académicas não sejam tão rigorosas como esta.

Depois, o senhor Santos mente descaradamente: afirma que eu sou um ateu convicto, quando eu não posso ser um ateu convicto: não sou ateu, nunca fui, ponto final. Sou agnóstico, como já expliquei repetidas vezes (p.ex. aqui no blogue). Isso não interessa a ninguém, como é óbvio. Salvo querendo fazer uma afirmação sobre as minhas crenças: nesse caso convém não falar de cor. Neste caso, o falar "descuidado" do senhor Santos convinha-lhe para dar mais molho ao seu "argumento".

Fui, até, militante católico durante muito tempo. Mas nem preciso disso para ver que o texto de Carlos Santos é, não apenas nas minúcias acima, mas no seu ponto essencial, uma obra de arte de desonestidade intelectual. A (talvez) possível distinção conceptual entre a Igreja de Cristo e a Igreja dos homens, sendo isso mesmo: uma distinção de noções, não justifica, muito menos implica, uma distinção substancial. Aquilo que o Papa disse não é para ser sujeito à exegese matreira de tipos que são mais papistas que o Papa. Ou que, eventualmente, fazem "religião" como fazem "política": com os mesmos truques. Isso, aliás, explica este empenho do inefável senhor Santos.